Os ‘tesouros’ que faziam parte do recheio das casas Arte Nova

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Exposição "As Fábricas de Cerâmica de Aveiro".
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As casas com fachadas ‘estilo’ Arte Nova constituem uma imagem de marca de Aveiro. O que é raro ver são as peças decorativas e utilitárias que estavam no interior.

Até setembro é dada a oportunidade de conhecer alguns dos ‘tesouros’ revelados numa exposição temporária inédita patente na Casa Major Pessoa, onde funciona o Museu Arte Nova. E que ajuda também a perceber a importância que a indústria cerâmica local, pioneira no País, teve ao trazer para Portugal influências de uma corrente artística que esteve muito em voga nas principais cidades europeias entre o fim do século XIX e o princípio do século XX.

A mostra tem peças saídas de fábricas de Aveiro e umas achegas da Vista Alegre. Azulejos, vasos, floreiras, pratos ou mesmo retratos inspirados na Arte Nova, com assinatura de alguns dos mais famosos pintores cerâmicos de Aveiro (abaixo link para ouvir Andreia Lourenço, técnica dos serviços de Cultura do município).

Exposição “As Fábricas de Cerâmica de Aveiro”.

O destaque maior é para a Fábrica Fonte Nova (1882), que existiu até 1930, quando ficou destruída por um incêndio, na zona com o mesmo nome, restando hoje apenas a chaminé, em tijolo. Além de louça, num tom azul muito característico, produziu painéis de azulejos.

A Fábrica de Louça dos Santos Mártires (que deu lugar à Aleluia) e a Empresa de Louças e Azulejos de Aveiro também tiveram relevo grande no período que a exposição retrata.

“Tentámos representar o período da Arte Nova que em Aveiro se situa de 1804 a próximo de 1915, aproximando-se dos anos 20, para dar a ver o que estas fábricas locais estavam a fazer, recorrendo, na maioria dos casos, ao acervo dos museus de Aveiro”, explicou Andreia Lourenço, técnica dos serviços de Cultura do município (abaixo link para ouvir).

Saindo dos azulejos das fachadas e painéis, a exposição é feita de objetos decorativos usados no interior das casas da época, que remetem muito para o universo da Arte Nova. Mas não só: há uma floreira da Fonte Nova, com um caranguejo, possivelmente inspirado nos trabalhos de Bordallo Pinheiro e peças mais tardias da Aleluia,  com afastamento da Arte Nova, em fim de moda.

Existirão, quase de certeza, recheios em casas Arte Nova de particulares com interesse em divulgar publicamente, numa das cidades berço da indústria cerâmica decorativa, que rivalizava com as porcelanas da vizinha Vista Alegre. “Pelo menos gostaríamos de as conhecer e de as poder apresentar em exposições temporárias”, afirmou Andreia Lourenço, deixando o desafio aos proprietários (abaixo link para ouvir).

Exposição “As Fábricas de Cerâmica de Aveiro”.

“A Arte Nova está intrinsecamente ligada à revolução industrial, à burguesia, às suas consequências sociais”, como sublinha Andreia Lourenço. Estas indústrias, a sua presença em Aveiro, vieram, assim, criar uma sociedade que adere a novos gostos e modos.

A mostra apresenta exemplos do que as fábricas estavam a produzir e do que as pessoas tinham em casa, as peças decorativas ou utilitárias, que podem ser vistas até setembro no Museu Arte Nova, bem no centro da cidade.

Olarias eram conhecidas em Aveiro no século XVI

Aveiro é uma das antigas regiões com atividade cerâmica, sendo as primeiras olarias conhecidas do século XVI (existiu um bairro das olarias), por força da existência argila e abundância de lenha para os fornos.

 

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