Os jovens e a política

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Assembleia Municipal Jovem, Aveiro (arquivo).

A melhor forma de começar a ter mais interesse na política é através da participação na atividade das associações ou instituições locais.

Miguel Branco *

Os jovens e a política, aquele tema bastante debatido, repleto de frases repetidas, ocas e ignoradas. Enquanto isso, os jovens continuam a preocupar-se pouco com a política, quer a nível nacional quer a nível local, mergulhados nas redes sociais, mais a par da realidade do outro lado do mundo do que a do seu bairro.

Tolstói dizia: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. A ideia expressa nesta simples frase tem de ser o ponto de partida para resolver a falta de interesse dos jovens na política. Dizer aos jovens para participarem na política só por si não leva a nada. Temos de estar conscientes que na maioria dos casos, o interesse dos jovens por esta temática tem origem, não na política como atividade, no debate ou na intriga, mas sim, no objetivo de melhorar o seu território e a vida das pessoas à sua volta.

A melhor forma de começar a ter mais interesse na política é através da participação na atividade das associações ou instituições locais. Do lado das associações e instituições é essencial ter a cooperação dos jovens, não apenas por serem o futuro e por isso ser essencial que se interessem e se familiarizem, mas também para que estas entidades com o espírito jovem inovem e formulem respostas diferentes às questões. Esta participação leva a que a ação que os jovens realizam tenha mais repercussões diretas na sua vida, e daí o interesse pela política vai aumentar.

Dou o exemplo das autarquias locais, nomeadamente as juntas de freguesia, a que estou mais familiarizado: nestas entidades mais próximas das pessoas, com uma importância subestimada, é sempre necessário sangue novo, outras perspetivas, novas ideias, novas formas de fazer política e de a aproximar às pessoas. Para isso é necessário que incentivem os jovens a participar na sua vida, mais propriamente cooperar no seu processo de decisão. Tenho a certeza de que a geração mais qualificada de sempre o saberá fazer melhor que ninguém e que ganharão interesse em fazê-lo porque irá ter influência direta na sua vida.

É essencial mudar a forma como se incentiva os jovens a participar na política, é lógico que terão mais interesse em discutir a localização de uma ciclovia no seu bairro do que a eterna questão da localização do aeroporto de Lisboa. E são estas questões da realidade local, de pequena dimensão, com repercussão direta na sua vida que, se a opinião dos jovens for tida em conta, levarão os jovens a interessar-se pela política.

* Vogal na Assembleia de Freguesia de Eixo e Eirol, concelho de Aveiro.

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