Os direitos dos trabalhadores e a qualidade de serviço

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Restauração (imagem genérica).

Devido à falta de trabalhadores nas diversas secções, os ritmos de trabalho são muito intensos e põem em causa, de forma grave, a saúde mental e física dos trabalhadores e a qualidade de serviço.

Por Fernando Oliveira *

Os hotéis, restaurantes, cafés, pastelarias e similares pagam salários muito baixos. Centenas de milhares de trabalhadores do setor recebem apenas o Salário Mínimo Nacional de 705€.

Além disso, as empresas não valorizam o trabalho prestado ao fim de semana e não pagam o acréscimo pelo trabalho prestado em dia feriado conforme determina o CCT.

Os horários de trabalho praticados no setor são muito longos e instáveis, não possibilitando a conciliação da atividade profissional com a vida pessoal e familiar dos trabalhadores.

Devido à falta de trabalhadores nas diversas secções, os ritmos de trabalho são muito intensos e põem em causa, de forma grave, a saúde mental e física dos trabalhadores e a qualidade de serviço.

Apesar do grande crescimento do número de turistas, de dormidas e de receitas, as associações patronais e as empresas recusam negociar a contratação coletiva, de forma a melhorar salários, carreiras profissionais e criar condições de trabalho dignas.

As empresas queixam-se da falta de mão de obra, mas não garantem condições de trabalho dignas para os formandos das escolas hoteleiras levando a que estes procurem outros setores de atividade, reclamam junto do Governo a abertura de corredores de imigrantes, mas não garantem formação profissional em técnicas hoteleiras e línguas portuguesa e inglesa, nem contratos com vínculo efectivo.

Por outro lado, não existe nenhuma preocupação com a qualidade do serviço que se presta aos clientes e muito menos preocupação social ao nível das condições de alojamento e de qualidade de vida destes trabalhadores, muitas das vezes sabe-se que são angariados por redes mafiosas, que os exploram e colocam ao serviço dos patrões que ainda aumentam a exploração.

Com a vinda de imigrantes à força, as empresas o que querem é manter esta política de mão de obra barata, aumentar ainda mais a precariedade e pôr em causa os direitos dos trabalhadores e a qualidade de serviço.

Por isso, o sindicato na sua reunião de dia 27 de Julho, decidiu realizar acções de luta, no decorrer do mês de Agosto, promovendo contactos com os trabalhadores dos hotéis, restaurantes e similares, denunciando o bloqueio da contratação coletiva por parte das associações patronais e sensibilizando e incentivando os trabalhadores para a apresentação de cadernos reivindicativos de empresa, através da distribuição de comunicados aos clientes em inglês e português.

Estas acções visam também denunciar junto dos clientes a situação social grave que os trabalhadores do setor atravessam, numa altura em que os hotéis estão com lotação esgotada e os restaurantes cheios de clientes e recusam salários justos e condições de trabalho dignas.

Assim iremos estar em Aveiro na manhã do dia 8 de Agosto, junto ao Hotel Aveiro Palace.

* Membro da direção do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro.

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