Ao longo dos últimos anos, a indústria de componentes para automóveis nacional tem-se mostrado um setor de atividade económica robusto, com empresas que se têm consolidado na última década, reforçando a sua competitividade num quadro de indústria 4.0 e a capacidade de resposta aos desafios do mercado automóvel que, de repente, foi confrontado com um novo quadro de pressupostos, que acelerou o processo de descarbonização e da digitalização.
Por José Couto *
Como resultado temos um contributo muito importante no trajeto da recuperação da economia portuguesa – 5,3 por cento do PIB –, no contexto da evolução da indústria e da produção de bens transacionáveis, mas também no contributo para o desenvolvimento de tecnologias e conhecimento, para a profissionalização e capacitação de processos de gestão, para a criação de emprego, para das empresas.
Entre 2015 e 2021 foram investidos mais de 5 mil milhões de euros, o que representa 17 por cento do investimento de toda a indústria transformadora.
O setor conta com uma elevada percentagem de investimento estrangeiro em Portugal, mas em contrapartida também diversas empresas portuguesas se internacionalizaram, formando grupos multinacionais que atuam próximo dos seus clientes em quatro continentes.
O ano de 2023 continuará a ser muito desafiante: disrupções nas cadeias de abastecimento; escassez de semicondutores e outras matérias-primas; inflação dos custos – matérias-primas, energia, transporte.
A indústria portuguesa de componentes automóveis tem revelado um desempenho acima da produção automóvel na Europa.
Entre 2015-2021 cresceu a uma taxa de +4,2 por cento ao ano, o que compara com um decréscimo médio anual de -4,4 por cento da produção automóvel na Europa.
Esta performance só é possível ser conseguida pela resiliência, competência e fiabilidade continuadamente demonstradas pela indústria junto dos clientes internacionais. Refira-se que 98 por cento dos carros produzidos na Europa têm pelo menos um componente fabricado em Portugal.
Esta indústria oferece soluções para dar forma à mobilidade do futuro, inteligente e com o acréscimo da competitividade e do seu reconhecimento nos mercados internacionais, através do incremento das exportações nacionais, o que por si só justifica que agora, tendo em conta as preocupações que se manifestam, perante um ciclo de diminuição de atividade provocado por uma quebra anunciada de vendas de veículos automóveis na Europa, o setor seja devidamente ouvido e
que nos preparemos para os efeitos de uma contração que pode ser prolongada.
A indústria de componentes para automóveis é constituída por mais de 350 empresas. É uma indústria transversal e mobilizadora, agregando empresas de vários setores – v.g.: metalurgia, metalomecânica, elétrica e eletrónica, química, plásticos, vidro, borracha, têxtil, curtumes, etc. – que emprega diretamente mais de 62.000 pessoas, o que corresponde a 9 por cento do emprego da indústria transformadora e tem um forte efeito multiplicador.
A indústria de componentes para automóveis não tem alternativa que não seja não investir. Investir em tecnologia, na reformulação e adequação de processos produtivos, na descarbonização e diminuição consistente dos impactos ambientais, na digitalização vertical e horizontal ao longo de toda a cadeia de produção e de criação de valor.
Também, temos de relevar, pela importância que constitui, o investimento nas pessoas porque as competências são cruciais para o sucesso e a afirmação da competitividade baixas emissões de carbono. Contudo, uma das preocupações da AFIA reside na capacidade das empresas nacionais se manterem capazes
de competir com as suas congéneres, continuarem a manter a expressão nos clientes e progredirem no processo de ganhar quota de mercado nos clientes.
Também, temos de relevar, pela importância que constitui, o investimento nas pessoas porque as competências são cruciais para o sucesso e a afirmação da competitividade.
* Presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel. Artigo publicado na revista Portugal Global.
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