Oportunidades na mobilidade elétrica para empresas de utilities

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Mobilidade sustentável (imagem genérica).
Natalim3

A mobilidade elétrica representa uma oportunidade para [as utilities] desenvolverem os seus ecossistemas em torno do cliente final.

Por Miguel Cardoso Pinto e Miguel Poeira *

Estamos no limiar de uma evolução no transporte rodoviário que irá impactar o ambiente e a forma como vivemos. A crescente adoção de veículos elétricos irá trazer, para além dos benefícios sociais, ambientais e económicos, desafios ao nível das infraestruturas e da experiência do cliente, que irão necessitar de uma forte colaboração entre setores. O atual momento é propício para as empresas de utilities desenvolverem soluções inovadoras e capazes de facilitar a jornada global para a transição energética.

A tendência da eletrificação traz oportunidades promissoras para estas empresas na cadeia de valor da mobilidade elétrica. Fornecer soluções de gestão de carregamentos e oferecer serviços de mobilidade partilhada são dois caminhos com bastante potencial.

Com o crescente número de veículos elétricos em circulação a nível mundial, a aposta nos carregadores elétricos tem-se tornado cada vez mais necessária. Só na Europa, no início de 2022, existiam cerca de 500 mil carregadores, sendo que está projetado um crescimento de +60% no número de estações de carregamento elétrico de acesso público até 2025, chegando aos cerca de 3 milhões até 2030. De entre as diferentes tipologias de infraestruturas de carregamento, espera-se que o segmento residencial represente a maior porção de carregadores existentes no mercado europeu em 2035, com cerca de 80%.

A prestação de serviços de instalação de carregadores residenciais, o fornecimento de aplicações de gestão de carregamentos e de programas de fidelização: estas iniciativas podem permitir às utilities reforçar os seus ecossistemas de mobilidade elétrica. Neste sentido, alguns players, em Portugal, oferecem a possibilidade de comprar e instalar carregadores através do seu website, e também soluções de gestão de carregamentos através de uma aplicação, muitas vezes incluindo um cartão de desconto para utilização na rede pública de carregamento.

Fora de Portugal, players comparáveis têm vindo a incorporar, no seu modelo de negócio, a oferta de serviços de mobilidade partilhada – um serviço que se encontra menos desenvolvido em Portugal face a outros mercados europeus. Em Espanha, a Acciona introduziu um projeto de mobilidade partilhada em 2018, que consiste na oferta de e-mopeds e scooters elétricas, tendo já uma frota de mais de seis mil equipamentos. Em Basileia, Suíça, a Primeo Energie lançou o projeto Pick-e-bike, uma aplicação de aluguer de veículos elétricos que conta já com cerca de 30 mil utilizadores ativos.

A mobilidade elétrica representa uma oportunidade para diversos operadores de mercado desenvolverem os seus ecossistemas em torno do cliente final, com vantagens naturais em termos da atração de novos clientes e fidelização da base atual. Neste contexto, as utilities estão bem posicionadas para construir este ecossistema, dada a ligação que já possuem com os consumidores através dos contratos de fornecimento de energia. Por outro lado, enfrentam forte concorrência por parte dos retalhistas e das marcas automóveis, que alavancam a sua oferta de venda e instalação de equipamentos de carregamento e veículos, respetivamente.

* EY-Parthenon Artigo publicado originalmente no site – Transportes & Negócios.

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