A Polícia Judiciária (PJ) informa que participou numa operação realizada em Portugal e em Espanha, coordenada pela Europol, que “desmantelou uma rede criminosa internacional de tráfico de estupefacientes e branqueamento de capitais, ativa há mais de oito anos na União Europeia e na América do Sul”, de que resultou a detenção de 20 suspeitos.
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Ainda de acordo com a nota de imprensa, “no âmbito das diligências solicitadas à PJ, realizadas pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção, foram efetuadas, em território nacional, duas buscas domiciliárias na zona de Ílhavo e de Aveiro, que visaram o principal suspeito, responsável pelo transporte físico de dinheiro de Espanha para Portugal.”
Este cidadão português de 40 anos receberia indicações “de cabecilhas da rede criminosa para a recolha do dinheiro em Espanha”. Depois transportava-o no seu veículo, de forma oculta, para o nosso país e “depositava-o em bancos portugueses, em contas tituladas por outros suspeitos, pertencentes à diáspora portuguesa na América Latina, sobretudo Venezuela, que as cediam para fazer passar dinheiro oriundo do tráfico de estupefacientes.”
É o único detido em no território nacional, encontrando-se preso preventivamente a aguardar um pedido oficial de extradição das autoridades espanholas.
Rede suspeita da ‘lavagem’ de mais de 10 milhões de euros
Apurou-se que a rede criminosa usava identidades roubadas de cidadãos colombianos, portugueses, espanhóis e venezuelanos, sendo suspeita da ‘lavagem’ de mais de 10 milhões de euros. “Estava a ser investigada há alguns anos pelas autoridades espanholas – Mossos d’Esquadra e Polícia Nacional –, com a indicação de que cidadãos portugueses participavam ativamente no branqueamento de capitais oriundos de Espanha, através do transporte físico de importantes quantias de dinheiro e posterior depósito em diversas contas bancárias nacionais, tituladas por portugueses com ligações à diáspora portuguesa na América Latina”, adianta a PJ.
Da “extensa cooperação com as autoridades policiais de Espanha” resultou a ‘Operação Montana’ com a realização de 13 buscas e 20 detenções, a 6 e 7 de março.
A PJ apurou que o principal suspeito português não residia na sua morada fiscal, em Ílhavo, mas sim com a sua família “numa moradia luxuosa na zona de Aveiro, propriedade de uma empresa em nome da sua esposa, que foi alvo de buscas e onde se apreendeu prova importante para a investigação.”
No decurso das buscas, foram apreendidos mais de 40 mil euros em dinheiro, máquinas de contar dinheiro, joias e barras em ouro, documentos bancários, uma arma de fogo e ainda apontamentos escritos que ligam o detido ao branqueamento de dinheiro, oriundo do tráfico de estupefacientes em Espanha.
Apreensão de dinheiro, imóveis, veículos e artigos de valor
Da Operação Montana, realizada em Portugal e em Espanha, resultou a apreensão total de 156 mil euros em dinheiro, barras de ouro no valor de 35 mil euros, mais de 50 veículos, joias e 30 relógios de luxo no valor de 500 mil euros e dispositivos eletrónicos. Mais de 100 contas bancárias e 10 imóveis com valor superior a 3 milhões de euros foram, também, bloqueados em resultado desta operação.
A PJ acrescenta que a Europol apoiou a investigação desde setembro de 2021, fornecendo análises operacionais, conhecimentos técnicos e coordenação operacional.
Nesta altura, as autoridades espanholas e portuguesas continuam a efetuar diligências para identificar e localizar outros cidadãos relacionados com este esquema de branqueamento.
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