A Câmara de Oliveira de Azeméis aprovou, recentemente, a abertura de um procedimento de classificação como de interesse público da Quinta / Fábrica do Vidro do Covo, que é propriedade privada.
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O município espera, assim, acautelar “a realização de intervenções” que podem conduzir à “descaraterização” do espaço “e, consequentemente, afetar de forma irreversível os vestígios e a memória da tradição vidreira” local.
A classificação de um bem patrimonial confere uma proteção legal acrescida, contribuindo, desse modo, para a sua salvaguarda e preservação.
O executivo oliveirense decidiu remeteu ao Património Cultural, I.P. o requerimento inicial de abertura do procedimento de classificação como “Sítio de Interesse Público” da Quinta/Fábrica de Vidro do Covo, para que esta entidade se possa pronunciar sobre a validade desta pretensão.
A Quinta do Covo ocupa, “de forma contínua, pelo menos desde 1528”, uma zona sobranceira ao rio Antuã e à ribeira da Fontinha. A data em causa coincide com a emissão de um alvará régio, que possibilitava a construção, naquele espaço, de fornos de vidro, assegurando, simultaneamente, o exclusivo do fabrico e comercialização a norte de Coruche, até à Galiza.
Até 1924, os fornos de vidro, com a designação posterior de Fábrica de Vidro do Covo, mantiveram-se em funcionamento e sempre associados à mesma família, “num dos raros casos de longevidade industrial conhecido em Portugal”.
A instalação naquele local justificava-se por permitir um acesso fácil ao diverso conjunto de matérias-primas necessário ao fabrico do vidro, nomeadamente madeira, sílica, argila e caulinos.
Após o encerramento da fábrica, parte das suas estruturas foram desmanteladas, a ponto de não serem visíveis na década de 1950. No entanto, uma campanha de prospeção geofísica efetuada pelo município local, em colaboração com o Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, “identificou um conjunto de locais onde poderão localizar-se vestígios arqueológicos relacionados com a fábrica de vidro”.
A quinta foi vendida em 2017. Mantém um conjunto edificado apresenta alguma coerência formal e estrutural, no contexto de uma propriedade senhorial de cariz rural, que resultará da grande intervenção de reabilitação do edificado em meados do século XIX, com a casa senhorial, a capela privativa e um conjunto de edifícios de apoio à atividade da propriedade.
Discurso direto
“A Câmara Municipal quer ser uma parceira ativa, não sendo a dona daquele espaço, para o poder valorizar até na sequência daquilo que nós queremos fazer para a classificação do vidro como património imaterial. Tem havido conversas. Portanto, nas visitas que os nossos técnicos fazem ao espaço tem sido sempre uma conversa profícua” – Joaquim Jorge, presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis.
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