Em termos dos grandes objetivos do Turismo português, vejo três grandes áreas de atuação: Ambiente e sustentabilidade; Competitividade económica do destino; e Simbiose entre os desejos dos empresários do setor e as autoridades governamentais, sem que estes últimos cedam à tentação da “caça ao voto”.
Por Miguel Quintas *
Diria que existem três grandes desafios que se colocam sobre o turismo durante a próxima década, todos eles interligados e com impactos diretos no desenvolvimento do setor.
Em primeiro lugar, colocaria as preocupações ambientais e de sustentabilidade. A agenda mundial foi traçada para que o mundo coloque este tema como prioridade para a geração atual e futuras. O custo financeiro e de marketing de não ter uma atividade sustentável irá resultar numa redução da competitividade face aos desejos dos mercados reguladores, económicos e, obviamente, dos consumidores. Investir nesta área passou a ser obrigatório, sendo que os grandes players mundiais irão levar a dianteira neste particular.
Em segundo lugar, colocaria a competitividade económica dos destinos. Mas por competitividade económica, refiro-me não apenas à habilidade de atrair turistas por parte dos empresários, mas acima de tudo à capacidade que os governos e instituições lobistas terão para tornar os seus destinos desejados. Refiro-me ao apoio à promoção dos destinos, aos custos de contexto, a atratividade do setor para trabalhadores e empresários, à capacidade de manterem o destino turístico como opção em função do custo de vida e ao interesse dos governantes em não cederem politicamente na vertente empresarial em troca de votos populistas.
Finalmente, em terceiro lugar, a imprevisibilidade das dinâmicas geopolíticas, pois sendo o turismo a indústria da paz, qualquer região turística é automaticamente ameaçada em caso de insegurança.
Deixaria ainda uma nota muito importante sobre uma área ainda muito desconhecida, mas já na agenda do dia: Turismo virtual. Dentro de 10 anos, seguramente muita coisa se mudou nesta vertente e haverá um mercado neste espaço.
Em termos dos grandes objetivos do Turismo português, vejo três grandes áreas de atuação: Ambiente e sustentabilidade; Competitividade económica do destino; e Simbiose entre os desejos dos empresários do setor e as autoridades governamentais, sem que estes últimos cedam à tentação da “caça ao voto”.
0 anos é muito e… pouco tempo. Se ao final de 10 anos conseguirmos ter uma indústria de turismo mais autónoma e menos dependente de burocracias e de intrusão governamental, já seria um grande avanço para o empresário português. Temo que, infelizmente, esse não seja o caminho face ao histórico do nosso país, pese embora ache que os empresários sabem bem melhor sobre o que é necessário para o desenvolvimento do turismo do que as entidades públicas. É assim em todo o mundo.
Penso que o principal eixo de atuação será continuar a fazer entender aos governos nacionais que o turismo é a indústria mais importante no nosso País. Neste particular, acredito que há espaço para conseguirmos ser mais eficientes. Dentro deste capítulo, garantir que o Estado é uma entidade de apoio aos desejos dos empresários e um garante de juízo às necessidades da nossa sociedade. À parte deste tema relevante, existe um espaço enorme ainda de progressão do turismo nacional, quer na dinamização de novos destinos, quer na melhoria dos existentes, quer em infraestruturas, quer em formação de pessoas e empresários, quer nas novas formas de promoção. Tenho a certeza que os empresários portugueses estão atentos a todas elas.
Os temas estruturais a resolver? Desde logo, resolver a questão das infraestruturas, nomeadamente do aeroporto de Lisboa, já que levámos demasiado tempo à espera de uma decisão que não tem pertencido aos empresários nacionais. A outros níveis, diria que a estabilidade da fiscalidade e licenciamento é algo fundamental para garantir a segurança dos investidores (nomeadamente em temas de impostos diretos, assim como de leis que mudam ao sabor de interesses políticos, como é o caso do alojamento local, ou nas licenças de construção). Finalmente, a política de apoios ao emprego e formação deveria ser flexibilizada como forma de garantir mais e melhor emprego para empresários e trabalhadores.
* CEO da Consolidador.com . Artigo publicado originalmente no site Ambitur.
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