Como seria bom que os pobres de hoje fossem os ricos de amanhã: o Estado tem o dever de promover oportunidades para que isso aconteça, com bom senso, equilíbrio, sentido de justiça.
Por José Teixeira Valente *
Os acontecimentos nacionais, europeus e mundiais levam-me a pensar que estamos a viver uma nova era civilizacional, com reflexos muito evidentes e rápidos no comportamento das pessoas, das instituições, das nações, do mundo. As consequências da pandemia COVID 19 (que não acabou), provocam esta ânsia de mudança que nos assola, condiciona e transforma como habitantes deste planeta e está a produzir atitudes e maneiras de agir, sentir e viver, que nos obrigam a uma grande reflexão conjunta para encontrarmos soluções capazes de melhorar os nossos comportamentos que permitam adquirirmos de novo um “SORRISO” e afastar os “Velhos do Restelo”, que ainda se movimentam.
Temos que nos convencer todos, indivíduos e instituições, que estamos numa nova era: melhor, pior, não sei; mas sei que diferente. Por isso, somos envolvidos em novos desafios, novos sacrifícios, novas apostas, novas oportunidades a que não estávamos habituados, mas que estão aí e temos que as enfrentar, domesticar e ajustarmos a nossa vida à nova realidade.
A COVID 19 obriga-nos a ser inteligentes e solidários.
Nada é garantido, tudo tem que ser conquistado. Perdem-se direitos adquiridos, porque já não há direitos adquiridos. Os direitos terão que ser todos os dias conquistados e defendidos. As empresas não têm lucros assegurados: tem que permanentemente consegui-los e consolidá-los. Não há emprego para toda a vida, mas há vida para além do emprego. Temos que ser solidários com os que têm pouco, mas estes têm também que fazer algum esforço para melhorar. Temos o dever de ajudar e não a obrigação.
Como seria bom que os pobres de hoje fossem os ricos de amanhã: o Estado tem o dever de promover oportunidades para que isso aconteça, com bom senso, equilíbrio, sentido de justiça. Mas o mesmo Estado também tem de se preocupar para que a classe média não seja conduzida a ser os pobres de amanhã. Cabe ao Estado, como regulador, compatibilizar as diferenças sociais, diminuindo os conflitos e as assimetrias.
E como se harmoniza isto tudo?
Não há milagres, mas penso que existem algumas soluções. Em tempos de crise e de pouco dinheiro temos que ser poupados, não no sentido de aforro, mas sim no tempo que perdemos, no atraso da justiça, na eficácia da administração, na eficiência da saúde, no bom senso da educação, na urgência da economia, na capacidade da agricultura, na inteligência da cultura, enfim nos resultados do trabalho, do esforço e da vontade.
E como o tempo NÃO volta para trás, não nos preocupemos com o que já passou, mas não o devemos esquecer: Salazar não volta, o 25 de Abril de 74 não volta, o 25 de Novembro de 75 não volta, Vasco Gonçalves não volta, Ramalho Eanes não volta, Mário Soares não volta e Cavaco Silva também não volta.
E neste novo tempo, com uma nova luz, uma nova esperança, saibamos ser inteligentes, solidários, pragmáticos e enfrentar o dia de amanhã com a força e o entusiasmo do homem novo, que desejamos possa ser feliz, neste velho mundo.
Apesar dos afetos e do voluntarismo de Marcelo Rebelo de Sousa, isto só lá vai com TRABALHO, INTELIGÊNCIA E DIGNIDADE e, sobretudo VONTADE!
O tempo NÃO volta para trás, nós também não.
* Ex-Presidente da SEMA – Associação Empresarial.
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