“O PSD devia preocupar-se menos comigo e mais com o futuro” – Alberto Souto

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Terrenos da antiga fábrica Bóia & Irmão, Aveiro.

O PSD local emitiu um comunicado que me é especialmente dirigido e que não posso ignorar, como prefiro fazer a intervenções absurdas. Esta, porém, está pejada de processos de intenção pessoais, imputações imprecisas e alegações falsas. É um comunicado que deslustra a democracia local.

Por Alberto Souto

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A propósito de uma opinião crítica que expressei sobre a aberração urbanística que se anuncia para a rotunda do Marnoto, o PSD, em vez de analisar o mérito do projecto, em vez de rebater o argumento, em vez de ajudar o executivo camarário a chumbar tal pretensão, opta por tentar desviar as atenções do mesmo, atacando quem o critica. Há muitos aveirenses – do PSD, do CDS e de todos os quadrantes políticos – que consideram esse projecto uma monstruosidade. Não se trata de debate partidário. Trata-se de debate cívico.

Sou, porém, obrigado a contraditar algumas afirmações sem rigor. Em primeiro lugar, é falso que eu me tenha insurgido contra “construções em altura”. Gosto, aliás, de arranha céus com qualidade. O que eu escrevi e reafirmo é que um imóvel com cércea equivalente a 14 pisos, naquele lugar e com aquela falta de enquadramento é uma insensatez urbanística. Sublinho: o que se pretende fazer é uma aberração flagrante. Espero que o Sr. Presidente da Câmara a trave. O PSD, em vez de discutir criticamente o projecto, como é seu dever perante os aveirenses, opta por me fazer um ataque pessoal descabelado.

Em segundo lugar, não creio que tenha sido eu a licenciar e construir (“construir” de certeza que não …) um prédio de 14 pisos no Cais da Fonte Nova. De memória, creio que foi licenciado no tempo do Dr. Élio Maia. Mas mesmo que tivesse sido no meu mandato, não se conhecem críticas ao seu enquadramento urbanístico.

Em terceiro lugar é verdade que licenciei o Hotel Mélia. E é verdade que ficou prevista muita construção junto ao barreiro, no PP do Centro. Alguém devia, porém, ter informado o subscritor do comunicado, que o meu papel no PP do Centro foi ter conseguido reduzir em 50 mil m2 de construção os compromissos herdados da Câmara anterior…

Em quarto lugar a valorização do sítio arqueológico foi ideia minha na sequência de uma acção de sensibilização do Professor Galopim de Carvalho.

Em quinto lugar a opção de planeamento da localização do novo Estádio foi tomada pelo Dr. Girão Pereira que a aprovou no PDM que estava em vigor e cuja opção eu assumi e respeitei. Ou seja: todos os alegados factos com que tentam denegrir os meus mandatos são inconsistentes ou imputáveis a outros Presidentes…

Enfim, a cereja em cima do bolo da falta de ética é a insinuação de que ao criticar o projecto estou a defender interesses imobiliários privados. Além de rematado disparate, o desvario ético é total e só pode resultar de grave promiscuidade entre os processos de obras da Câmara Municipal e o PSD. Talvez o Ministério Público fique curioso com essa porta giratória. Mas é falsa insinuação também: ao contrário de outros, nunca usei os poderes públicos para atacar cidadãos privados por razões políticas, nem confundi os meus interesses privados com a defesa do interesse público.

Vale tudo para que os aveirenses não reparem na enormidade urbanística que se quer fazer. O PSD não se devia preocupar tanto comigo. Tentar distratar os adversários em vez de contradizer as suas opiniões é um truque velho que desqualifica quem o tenta. O PSD devia preocupar-se menos comigo e mais com o futuro. É nele que estou focado. Esta pretensão é um projecto que o hipoteca e um erro clamoroso. É tão gravosa urbanisticamente que talvez se justificasse um referendo. Tenho esperança que, entretanto, prevaleça o bom senso urbanístico e cívico.

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