O sector vitivinícola português tem vindo a ser reconhecido internacionalmente pela sua qualidade e diversidade. Com uma longa tradição na produção de vinho, Portugal tem sabido adaptar-se aos desafios do mercado global, apostando na inovação como um dos principais impulsionadores do seu crescimento e competitividade. Neste contexto, o associativismo desempenha um papel fundamental, ao promover a cooperação entre os diferentes agentes da cadeia de valor e ao fomentar a partilha de conhecimento e recursos.
Por Frederico Falcão *
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O associativismo no sector do vinho em Portugal tem raízes profundas, remontando a séculos atrás, quando as primeiras confrarias e cooperativas foram criadas para promover a produção e comercialização do vinho. Hoje, as organizações associativas representam uma parte significativa do tecido empresarial vitivinícola, desde pequenas cooperativas de produtores até grandes associações regionais e nacionais, sejam elas de comércio ou de produção. Estas entidades desempenham um papel crucial na promoção da inovação, na organização e no desenvolvimento sustentável do sector.
Uma das principais vantagens do verdadeiro associativismo no contexto da inovação é a capacidade de poder reunir diferentes players, incluindo produtores, investigadores, empresas e instituições públicas, num ambiente colaborativo. Esta colaboração multidisciplinar permite a partilha de experiências e conhecimentos, o que pode levar a soluções inovadoras e ao desenvolvimento de novos produtos e práticas agrícolas. Por exemplo, através de projectos de investigação e desenvolvimento financiados pela União Europeia ou pelo Estado Português, as associações vitivinícolas têm contribuído para a preservação das castas autóctones, técnicas de cultivo mais sustentáveis e processos de vinificação mais eficientes.
Além disso, o associativismo no sector do vinho também desempenha um papel importante na promoção da qualidade e da imagem dos vinhos portugueses nos mercados internacionais. As associações regionais, como as Comissões Vitivinícolas Regionais (CVR), trabalham em estreita colaboração com os produtores para controlo de qualidade, para garantir a autenticidade e a excelência dos vinhos produzidos em cada região. Esta valorização da origem e da tradição contribui para diferenciar os vinhos portugueses no competitivo mercado global e para abrir portas a novas oportunidades de negócio.
Por outro lado, o associativismo também pode ser um catalisador para a adopção de práticas de gestão mais eficientes e sustentáveis. Através da partilha de recursos, de conhecimento e da implementação de boas práticas agrícolas e ambientais, as organizações associativas podem ajudar os seus membros a reduzir custos, aumentar a produtividade e a minimizar o impacto negativo no meio ambiente.
Por exemplo, a criação de sistemas de gestão integrada de vinhas, que promovam a utilização racional dos recursos hídricos e a redução do uso de produtos químicos, têm sido uma prioridade para muitas cooperativas e organizações de produtores vitivinícolas em Portugal.
No entanto, apesar dos inegáveis benefícios do associativismo, é importante reconhecer que também enfrenta desafios e limitações. Um dos principais desafios é garantir a participação e o compromisso de todos os membros, especialmente em organizações de grande dimensão e com interesses divergentes. Além disso, a burocracia e a falta de recursos financeiros podem dificultar a implementação de projectos de inovação e o acesso a financiamento público ou privado (…).
* Presidente da ViniPortugal. Artigo publicado originalmente no site Voz do Campo.
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