O papel da fisioterapia na Covid-19

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Fisioterapia.
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A fisioterapia no tratamento dos doentes infetados com COVID-19 pode contribuir para prevenir lesões permanentes e obter ganhos de saúde de forma mais rápida.

Licínio Machado *

Os resultados obtidos com a fisioterapia nestes contextos têm impactos económicos significativos, uma vez que diminuiem o tempo de hospitalização, mas sobretudo impactos fundamentais para a vida das pessoas, melhorando os sintomas (como a falta de ar, o cansaço entre outros), a capacidade física, a funcionalidade, mas também a auto-eficácia para gerir a doença e as suas consequências.

Embora a maioria das pessoas associe a fisioterapia à recuperação de condições musculosqueléticas ou neurológicas, a verdade é que todos os fisioterapeutas têm formação na área respiratória, com competências para melhorar a eficiência da respiração; apoiar o desmame da ventilação; melhorar os sintomas, como a sensação de falta de ar, cansaço, tosse, expetoração, ansiedade/depressão; manter ou melhorar a capacidade para realizar exercício físico; aumentar a eficácia do doente na gestão da doença; entre outras, que são fundamentais para intervir nos diferentes contextos descritos e recuperar as pessoas com COVID-19.

Nos cuidados intensivos o fisioterapeuta foca-se na otimização das trocas gasosas, mantendo os pulmões livres de secreções, quando estas existem, e melhorando a biomecânica respiratória; apoiar no desmame ventilatório; realizar uma mobilização, exercício e atividade funcional o mais precocemente possível, para que a pessoa fique o menos debilitada fisicamente e emocionalmente possível.

No internamento hospitalar a fisioterapia mantém o foco no alívio dos sintomas respiratórios onde são ensinadas as posições que aliviem a dificuldade respiratória, o que fazer nessas crises de falta de ar e/ou de tosse seca, como controlar a respiração e a dificuldade respiratória e, ainda, nas técnicas para se conservar a energia necessária para a recuperação da doença. Inicia-se o mais precocemente possível o exercício, ainda que de forma ligeira a moderada. Estas estratégias são importantes para diminuir o tempo de internamento.

Em casos de produção de muita expetoração e em que os doentes tenham dificuldade na sua expulsão, também são treinadas técnicas para facilitar a expulsão da expetoração melhorando assim os sintomas respiratórios.

Nos casos mais ligeiros tratados no domicílio e na recuperação pós-alta, a intervenção da fisioterapia foca-se na melhoria dos sintomas, treino da mobilidade torácica, treino aeróbio, treino de força muscular, arrefecimento e na educação para melhorar a auto-eficácia dos doentes para gerir a doença respiratória e encorajar a adoção de estilos de vida saudáveis, de forma a otimizar a condição física, emocional e social da pessoa.

A fisioterapia, poderá sempre que indicado, recorrer ao uso das Tecnologias de Comunicação e Informação, como a tele-reabilitação, de forma a que a avaliação e intervenção da pessoa seja realizada o mais precocemente possível, respeitando todas as normas de segurança estabelecidas e recomendados pela Direção Geral de Saúde e evitando a propagação do vírus.

* Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia Respiratória no Centro Hospitalar do Baixo Vouga.

(Informação ao minuto Covid-19 na RTP).

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