Será que temos andado a prestar a devida atenção ao que as crianças têm a dizer sobre o ambiente?
Por Alexandra Monteiro *
Em 1959 foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração dos Direitos da Criança.
Trata-se de uma carta (bonita) que resulta da adaptação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e que estabelece os direitos e liberdades atribuídos às crianças, com o objetivo de lhes proporcionar o bem-estar e uma infância feliz e segura. Os governos dos diferentes países que assinaram esta carta foram obrigados a fazer leis de forma a garantir que estes direitos são respeitados.
E não é que dos 10 direitos que constam desta declaração, quase metade deles necessitam que haja proteção do ambiente??! Se não vejam:
1_ “Todas as crianças têm o direito à vida e à liberdade.” O que será esta vida sem um ambiente vivo e preservado?
2_ “Todas as crianças devem ser protegidas pela família e pela sociedade.” Como pode a sociedade proteger devidamente as crianças num ambiente não protegido?
3_ “Todas as crianças têm direito a alimentação, habitação e atendimento médico.” Como poderá esta alimentação ser adequada num ambiente não sustentável?
4_ “Todas as crianças têm direito ao amor, à segurança e à compreensão dos pais e da sociedade.” Será que esta segurança não precisa também de um ambiente seguro?
É ainda curioso que 40 anos depois desta Declaração, uma série de países assinaram um outro documento, que alarga estes direitos das crianças. E um dos direitos acrescentados refere que as crianças “têm o direito de exprimirem livremente a sua opinião e de estarem informadas”. Será que temos andado a prestar a devida atenção ao que as crianças têm a dizer sobre o ambiente?
Afinal…não há coincidências.
* investigadora do Departamento de Ambiente e Ordenamento / CESAM da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente em www.ua.pt .