O PAN é o partido mais eficaz nas redes sociais, e a sua actividade pode ser escrutinada em todo o lado, quer nas plataformas digitais por si construídas, quer através das criadas pela Assembleia da República.
Por Rui Alvarenga *
Serenados os ânimos, é inevitável que se fale do PAN. A contragosto e com um incomensurável desconforto, jornalistas e comentadores viram-se obrigados a falar do PAN.
Prevenindo para a impossibilidade de realizar uma apreciação individualizada sobre cada uma dessas intervenções, porquanto a análise integral não cabe na dimensão deste texto, diria que, na tentativa de explicarem o fenómeno, cinco certezas ficaram visíveis:
1. Os Órgãos de Comunicação Social menosprezaram o PAN e na noite eleitoral sujeitaram-se ao embaraço de revelarem a sua ignorância sobre o partido. E perante a obrigatoriedade de o considerarem, brindaram-nos com uma angustiante demonstração de desconhecimento sobre quase tudo, incluindo a sua actividade na Assembleia da República. O PAN nunca teve má imprensa, porque nunca teve imprensa.
Nunca foi chamado para a conversa nos estúdios de televisão ou rádio e, em plena noite eleitoral, e subsequentes, resignou-se a ouvir as interpretações ligeiras sobre a sua actuação, sem a igualdade de tratamento que se impunha desde 2015;
2. Vai ser difícil convencer os agentes sociais de que é possível tratar a acção política para além da dicotomia esquerda/direita, porquanto os jornalistas e representantes dos outros partidos continuam a resistir ao facto de o PAN querer e poder assumir-se sem lado ideológico.
Durante mais de quarenta anos, este foi o único critério para a participação no entretenimento partidário, que os partidos denominados “clássicos” teimam confundir com o acto de fazer política. Tem sido um jogo dúbio e desgastante, onde estes partidos se acusam mutuamente de fazerem as mesmas coisas, e se distanciam de um passado governativo que todos tiveram o privilégio de sorver. Este é o jogo que dura há mais de quatro décadas. Este é o jogo que o PAN não quer praticar;
3. E da inaptidão para compreenderem esta nova forma de estar, surgiu o ímpeto esquizofrénico para a classificar. Dos vários epítetos retive um: “Perigoso”. Ora, é interessante ver que os partidos que, durante mais de quarenta anos deambularam por entre políticas erráticas, e que, por diversas vezes, faliram o País, não se consideram perigosos.
A “perigosidade” do PAN não advém certamente da forma como fomenta o nepotismo, e não virá de uma convicção de que os Direitos Humanos são um apêndice estético, que a Coreia do Norte é uma democracia, ou que o Vox não é de extrema direita. Não, o PAN é “perigoso” porque enuncia propostas que nunca ninguém ousou colocar na agenda política. Coisas concretas que nos tocam a todos.
Podemos concordar ou não, mas considerar o PAN perigoso em razão do seu olhar progressista é declarar em voz alta que ficaram presos em um outro tempo, lá bem atrás, onde dificilmente encontrarão os alicerces com que a sociedade se vai estruturar no futuro. Se lhes sobrasse um pouco de autocritica e humildade, constatariam que, a existirem partidos políticos perigosos em Portugal, não será seguramente o PAN.
E das inúmeras falácias lançadas sobre o partido, a mais extraordinária é aquela que o apresenta como “um partido que trata de nichos”, os mesmos que alguns partidos começam agora a integrar devagarinho nos seus discursos e que, com toda a certeza, nas próximas eleições legislativas, vão provocar a secundarização de algumas das abstracções que tradicionalmente contaminam o debate político;
4. Ao necessário escrutínio, juntar-se-ão os ataques preconceituosos, que começaram na noite eleitoral. O verdadeiro fel político vai ser arremessado de fora para dentro. Tudo servirá para o ataque à credibilidade do PAN. O facto do último Congresso ter sido à porta fechada foi uma das primeiras pedras arremessadas por um conjunto de jornalistas que desprezaram os seis congressos anteriores, cujas portas estiveram escancaradas.
Na verdade, não gosto do formato. Não creio que um partido com a génese do PAN possa insistir em um congresso com a duração de um dia, com desnecessárias restrições ao nível da participação dos delegados. O PAN é um partido novo com um compreensível estado de imaturidade organizacional, mas plenamente convicto que será sempre imperativo garantir que todos os filiados possam ser ouvidos na plenitude dos seus direitos, participando activamente na definição das estratégias que constroem a vida do Partido. E isso, o PAN vai saber fazer, porque é um movimento em construção e também tem direito às suas dores de crescimento;
5. É notório que o PAN veio para ficar. A subida nas Eleições Europeias, ou melhor, a subida gradual em todas as eleições que disputou, não é fruto do acaso, e também não se explica, como alguns dos mais desesperados defendem, que o eleitorado que vota PAN desconhece verdadeiramente o partido e as suas propostas. Se assim fosse, teria acontecido o inverso: depois de ter surpreendido com mais de cinquenta mil votos nas primeiras eleições que disputou, seis meses depois da sua constituição formal, teria perdido fulgor e a curva seria necessariamente descendente.
O PAN é o partido mais eficaz nas redes sociais, e a sua actividade pode ser escrutinada em todo o lado, quer nas plataformas digitais por si construídas, quer através das criadas pela Assembleia da República. O PAN não se esconde. O PAN cresce porque há cada vez mais pessoas a identificarem-se com a sua mensagem, cada vez mais portugueses que se importam.
* Vogal do PAN na Assembleia Municipal de Aveiro.