O ditador

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O ditador, alegando a tal legitimidade, não ouve quem o escolheu, ensurdece, esquece-se de quem lhe permitiu esse lugar de poder decisório.

Por Sara Tavares *

O ditador sabe que é ditador.
O ditador substima o outro, é absolutista, é autocrático. O ditador ultrapassa ou atropela, deliberadamente, as funções do outro; não o respeita, só a sua opinião é válida e, por vezes, poucas, aceita a dos que com ele concordam!

Há cada vez mais ditadores , “falsos líderes “ na nossa sociedade , e o mais estranho é o facto de lhes permitirem que o sejam.

A história refere-se a uns tantos, e um ainda prevalece na memória de muitos. Pela conjuntura da altura até se percebe, mesmo que por instantes , que tenha conseguido manipular tantas mentes empobrecidas pela guerra e pela fome.

Hoje já não se justifica a manipulação de opiniões; como a de muitos que alegam legitimidade democrática para gerir e fazer prevalecer a sua vontade, os seus interesses, quando são eleitos para algum cargo muitas vezes com os votos de nem um terço da totalidade dos votantes ter ido exercer o seu direito de escolha.

Ora o ditador, alegando a tal legitimidade, não ouve quem o escolheu, ensurdece, esquece-se de quem lhe permitiu esse lugar de poder decisório.

Muitos cegam-se ,inclusive, com a sede de poder e cometem erros atrás de erros até serem abandonados pelos seus pares. Acontece.

Há sempre, e ainda bem, quem tenha alguma clarividência e enfrenta o ditador, porque percebe o egocentrismo. E surgem as típicas alegações de traição ao ditador “ quem não está comigo, está contra mim” !

O ditador é manipulador e dominador, contorna situações, usa, em alguns casos, não todos, de fluência linguística que lhe permite influenciar a opinião dos mais fracos de espírito ou daqueles que não possuem opinião e seguem o que consideram o mais esperto da sala. O uso da palavra esperto é deliberado, porque efetivamente muitas vezes nem é inteligente, é unicamente esperto, em linguagem popular “o chico esperto”.

O ditador mascara e limita a participação popular, serpenteia argumentos para que no final seja a sua vontade a prevalecer, dizendo que auscultou, que ouviu, que reformulou.

Os ditadores proliferam, eu conheço alguns e quem me lê, lembrar-se-á com certeza de uns quantos, bem como de situações de pura teimosia solitária de ditadores.

Estejamos atentos!

Sara Tavares.

* Professora, vogal do PS na Assembleia Municipal de Aveiro ([email protected]).

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