Neutralidade carbónica das instituições de ensino superior

684
Foto da Universidade de Aveiro.
Natalim3

Respeitando integralmente o passado, mas com os olhos postos no futuro, a Universidade de Aveiro volta hoje a ser pioneira, ao anunciar a neutralidade carbónica como objetivo institucional

Por Paulo Jorge Ferreira *

As consequências da ação humana sobre a Terra estão à vista de todos. Já não é o planeta que determina o futuro da Humanidade; é a Humanidade que tem nas mãos o futuro do planeta.

Em 2019, consciente deste facto, a Comissão Europeia estabeleceu que até 2050 a Europa se tornaria num continente neutro para o clima. Até 2030, as emissões de gases com efeito de estufa terão de se reduzir em 55% ou mais, face a 1990. Portugal associou-se a este objetivo, estabelecendo no seu Plano Nacional Energia e Clima objetivos compatíveis com os europeus.

Para serem cumpridos, estes desígnios têm de ser assumidos por todos nós e por todas as nossas entidades e organizações, incluindo as instituições de Ensino Superior. Estas podem contribuir para a sustentabilidade descobrindo novas soluções para remover ou compensar o impacto ambiental nocivo, ou contribuindo através da educação e do exemplo.

A Universidade de Aveiro assumiu claramente a sua preocupação com o ambiente ainda nos anos 70, com a criação do Departamento de Ambiente e Ordenamento e com a oferta do primeiro curso de Engenharia do Ambiente, numa altura em que a sensibilidade para os problemas ambientais era bem diferente da que existe hoje.

Respeitando integralmente o passado, mas com os olhos postos no futuro, a Universidade de Aveiro volta hoje a ser pioneira, ao anunciar a neutralidade carbónica como objetivo institucional. Para isso, seguirá um roteiro validado cientificamente para ser uma “Universidade carbono-zero líquido” até 2040 e “carbono-zero líquido para os campi” em 2030.

Espera-se que outras instituições de Ensino Superior sigam o exemplo. A sustentabilidade afirma um princípio de justiça intergeracional: a convicção de que o bem-estar de uma geração não pode condicionar o bem-estar das gerações seguintes. Afirmar a sustentabilidade na Universidade de Aveiro representa um ato de respeito com o passado institucional, mas também com o nosso futuro coletivo.

Vale a pena pensar nisso.

* Reitor da Universidade de Aveiro. Artigo publicado no site UA.pt.

Reitor da Universidade de Aveiro

Natalim3