Dois homens, pai e filho, que se envolveram num episódio de agressões mútuas, na residência, em Águeda, começaram a ser julgados, esta terça-feira, no Tribunal de Aveiro, por homicídio qualificado na forma tentada.
O progenitor, de 58 anos, responde, ainda, por crimes de violência doméstica e ofensas à integridade física de que foi vítima a ex-esposa, mãe do outro arguido.
O casal manteve um relacionamento muito conflituoso nos últimos anos, que, segundo a acusação do Ministério Público (MP), deveu-se ao problema de alcoolismo do homem. Há um ano, insatisfeito por a mulher recusar relacionamentos sexuais, alegando um problema de saúde a que teve de ser tratada, o marido passou a desconfiar que era traído, tornando-se ainda mais violento. Numa discussão mais acesa, em casa, a 8 de julho, terá agarrado a mulher, encostando-lhe uma faca ao pescoço enquanto proferia ameaças de morte. A vítima conseguiu desprender-se e saiu a correr para o carro. O homem ainda tentou impedir a marcha de fuga.
Alertado pela mãe para o que sucedera, o filho, de 32 anos, foi ao encontro do pai, segundo a acusação, munido de uma arma de caça submarina. Quando aquele lhe abriu a porta de casa, fez um disparo que acabou por atingir superficialmente o abdómen e desferiu pancadas na cabeça “com o propósito de tirar a vida”, o que poderia ter sucedido se tivesse atingido zonas vitais do corpo.
O filho negou alguns factos imputados na acusação sobre o sucedido em julho do ano passado. Disse que ao abrir a porta de casa, foi atacado, primeiro, pelo pai, que estava munido de um podão (foice para podar árvores), sofrendo um corte no pescoço. “Ele atingiu-me de raspão e recuei para ir buscar o arpão”, relatou, garantindo não ter feito qualquer disparo, pois a arma nem sequer estava ‘carregada’ para o efeito (se tal tivesse ocorrido, admitiu, teria sido fatal). Garantiu que apenas “picou” o pai na barriga e “não com a intenção de matar, mas para o afastar”. Também negou “as pancadas” na cabeça do pai, causando-lhe ferimentos que obrigaram a tratamento hospitalar.
Em resposta à advogada do pai, negou que tivesse um mal relacionamento com o mesmo motivado por discussões devido à alegada toxicodependência. “Não há consumo de droga”, negou perentoriamente o arguido, insistindo nos problemas do pai com o álcool. “Quando não bebe em excesso é uma joia de pessoa”, disse.
Já o pai remeteu-se ao silêncio no início do julgamento.
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