Necessidades especiais: A importância do turismo acessível e inclusivo

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Imagem em Facebook.com/TurismoSocorro.

Uma das características apontadas a Portugal é a sua hospitalidade. Um país que sabe receber, um destino turístico que prima pelo acolhimento de excelência, segundo milhões de turistas que nos visitam anualmente.

Por Marta Villares *

Aliás, vários estudos, tal como o da Jetcost.pt (2019), mostra que Portugal continua a dar cartas nesta temática. Mas será que não podemos acolher, receber ainda melhor? Não teremos de reforçar a ideia de responsabilidade social? Será que adotamos uma postura e um comportamento adequado ao nosso público? Será o Turismo realmente projetado para TODOS?

Uma das grandes tendências do turismo é a experiência turística única, sustentável e social. Todos os anos nos deparamos com diferentes e novos mercados, sendo um deles o mercado multigeracional, mercado esse cada vez mais emergente. Aliás, segundo um estudo feito pela Booking.com, 54% dos viajantes em 2023 optarão este ano por viajar em família, com o objetivo de reunirem os vários membros, provavelmente um efeito pós pandémico, devido às distâncias físicas sentidas durante o período Covid-19.

Este mercado multigeracional é muito desafiante. E porquê? Por termos de lidar com diferentes faixas etárias com motivações e necessidades distintas, necessidades essas que podem ser especiais. Bem, especiais, devem ser sempre! E devem ser trabalhadas dessa forma. Criar experiências e vivências únicas e especiais. Mas refiro-me a outras necessidades especiais. E é aqui que nos deparamos com a questão do Turismo Acessível.

As acessibilidades nos recursos turísticos (naturais, culturais e serviços turísticos) devem ser consideradas ponto central na discussão de políticas e estratégias sustentáveis e sociais. E sim, já vemos melhorias, mas sabemos que há um longo caminho a percorrer.

Segundo a World Health Organization (WHO,2023), cerca de 16% da população mundial (1,3 mil milhões de pessoas) sofrem de uma deficiência significativa. Cerca de 120 milhões de cidadãos da UE têm uma deficiência. Em Portugal, 2,5 milhões de idosos, cerca de 1 milhão de pessoas com deficiência, não esquecendo cerca de 550 mil de crianças com idade inferior a 5 anos. Este número está a aumentar devido ao aumento da esperança média de vida e de doenças não transmissíveis. A Incapacidade Física e Mental está cada vez mais presente: Mobilidade condicionada ou reduzida, deficiências visuais e/ou auditivas, dificuldades de aprendizagem movidas por doenças prolongadas. E não ficamos por aqui.

Por isso reforço a importância da formação e certificação contínua de todos os profissionais do setor, focando a profissão do Guia-Intérprete. Sim, guia-intérprete, esta sim é a denominação cientificamente correta na Língua Portuguesa, não guia turístico ou guia de turismo. Infelizmente uma profissão desregulamentada em 2011. No entanto, continuemos a valorizar o rigor, o profissionalismo e a qualidade da informação transmitida e do serviço prestado. Sim, porque o turista continua a fazê-lo. E queremos, como embaixadores do nosso país, que o continue a fazer.

Em 2020, foi criado um novo departamento pelo SNATTI (Sindicato Nacional da Atividade Turística, Tradutores e Intérpretes), Guias de Portugal 4 All, tendo como um dos objetivos primordiais a capacitação dos Guias-Intérpretes Certificados em guiar pessoas com dificuldades de aprendizagem, promovendo desta forma o Turismo Inclusivo. Juntamente com a FEG – Federação Europeia das Associações de Guias Intérpretes, e entidades do setor do turismo e da deficiência, pretende-se entre várias outras coisas, melhorar e adaptar as competências já adquiridas ao longo da formação e experiência, para além de obter novas ferramentas e estratégias para atender às necessidades de TODOS os visitantes, de TODOS os turistas.

* Professora no Departamento de Turismo do ISCE – Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo e Guia-Intérprete Certificada. Artigo publicado originalmente em Publituris.

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