“Não sou eu que busco inspiração, é ela que me busca a mim”

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Fatinha Ramos é uma artista nascida em Aveiro que está a alcançar grande projeção internacional como ilustradora, exercendo atividade profissional a partir da cidade belga de Antuérpia.

Um bocadinho de história… Como surgiu o interesse pela ilustração ?
Estudei Design de Comunicação na ESAD Porto. Após ter trabalhado 12 anos como directora artística e designer gráfica, decidi deixar tudo e começar a ilustrar. Acho que sempre fui ilustradora, e houve um dia que me apercebi disso.

Quais foram os seus projetos e trabalhos mais relevantes que gostaria de destacar ?
Em primeiro lugar, a ilustração do livro “Sonia Delaunay. A Life of Color”, editado pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) Depois as 28 ilustrações em redor da Câmara Municipal de Antuerpia, um edifício protegido pela UNESCO, com 450 anos.

Em que áreas gosta mais de trabalhar ?
Em ilustração e artes visuais.

Como surgiu a oportunidade de sair de Portugal ?
A opção de saída de Portugal foi por questões pessoais. Na altura o meu ex-namorado belga que tinha feito erasmus na ESAD pediu-me para ir com ele para Antuerpia e eu fui.

Qual são as marcas do seu trabalho enquanto ilustradora, o que a distingue ?
As imagens surrealistas e ou poéticas que crio com a relate de cores e texturas únicas.

Onde gosta de buscar inspiração ?
Não sou eu que busco inspiração, é ela que me busca a mim. A qualquer hora en qualquer lugar, sem avisar…

Que desafios tem entre mãos ?
Muitos. Alguns livros infantis e projectos pessoais.

A ilustração em Portugal comparando com a sua experiência no estrangeiro, como está ? Existem muitos talentos dentro de portas ?
Portugal é um país com imenso talento em termos criativos e, certamente, na area da ilustração. Só é pena é que muito desse talento seja mais valorizado quando recebe honras fora do país.

O que busca nos seus projetos?
O meu trabalho é um reflexo de mim mesma em muitos aspectos, com muitos layers de diferentes sentidos e emoções.

E Aveiro… o que acha da vivência artística da cidade ?
Aveiro continua a inspirar-me em diferentes aspectos tais como a luz, o vento, as cores… Temos muitos bons artistas em Aveiro e boas iniciativas. Cada vez mais sinto que há mais a acontecer e as pessoas estão também mais abertas à criatividade. Mas acho que no geral ainda há um caminho longo a percorrer…

A exposição na cidade “Fatinha’s Wondrous World” correspondeu às expetativas ?
Sim, a exposição foi muito bem organizada e tudo estava impecável. Da minha parte tenho pena de não ter feito mais divulgação nas redes sociais, pois muita gente ficou sem saber da exposição.

Outras referências que gostaria de deixar sobre a sua atividade.
Fui seleccionada para o AOI, World Illustrations Awards com duas ilustrações há três semanas. E o meu último livro infantil recebeu um Meri Award em NY, do 3×3 magazine.

Fatinha Ramos nasceu há 41 anos com múltiplas fracturas, tem osteogénese imperfeita (doença dos ´ossos de vidro´). Até aos 14 anos, passou mais tempo no hospital do que em casa ou na escola. A magia do seu trabalho surge em livros infantis, capas, pósteres editoriais e animação. Para além de prémios mais recentes, em 2017 foi distinguida pelo “Global Illustration Award”. As suas ilustrações foram reconhecidas internacionalmente por várias comunidades de ilustradores, tais como: Society of Illustrators New York, 3×3 Magazine, Society of Illustrators Los Angeles, Global Illustration Award, Communication Arts, Nami Concours, entre outros. Os trabalhos de traço surrealista podem ser vistos no site www.fatinha.com, têm viajado pelo mundo.