Neste momento, seria oportuno repensarmos o papel e a forma como a sociedade trata os seniores, tal como devêssemos perspetivar quais os serviços públicos que esta população em especial necessita e, assim, optar por reforçá-los.
Por Francisco Marques Vidal *
Um incómodo que tenho sentido ultimamente e que gostaria de evitar prende-se com a informação prestada sobre as vítimas mortais da COVID-19.
Estas vítimas são, normalmente, as pessoas idosas e a informação veiculada está, invariavelmente, interligada com complicações derivadas de outras patologias, bem como a idade.
Dar a conhecer estes dados, desta forma, não é uma ideia vantajosa, a meu ver. Se, de alguma forma, assim se tranquiliza parte da população, também é verdade que reforça a vulnerabilidade de quem já sofre muito e isto devia ser motivo de nos questionarmos.
É importante para a nossa sociedade que as pessoas mais velhas da nossa sociedade não sejam reduzidas a números e muito menos números sem importância e relevância, humana e social.
Não duvido que vamos ultrapassar as dificuldades da pandemia e da crise económica, mas assim sairemos diminuídos enquanto civilização.
Neste momento, seria oportuno repensarmos o papel e a forma como a sociedade trata os seniores, tal como devêssemos perspetivar quais os serviços públicos que esta população em especial necessita e, assim, optar por reforçá-los.
A demografia traça um caminho que teremos que trilhar, inevitavelmente. E à medida que o envelhecimento de Portugal se torna mais evidente, não deverá a sociedade e o Estado reajustarem o seu comportamento?
* Empresário.