Não brinquemos com a participação cívica!

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Sala 'Arco Iris' (Pré escolar das Florinhas do Vouga).

A escola constitui, indubitavelmente, um contacto base para a aprendizagem e para o exercício da cidadania.

Por Sara Tavares *

Vivemos numa época em que a sociedade é chamada cada vez mais a participar nos destinos da sua cidade, da sua região, do seu país e até do nosso mundo!

Multiplicam-se ações de auscultação e levantamento de problemas, para que se tomem medidas direcionadas para o cidadão e para a melhoria da sua qualidade de vida.

Deseja-se que a sociedade civil crie mecanismos de participação cívica e temos vindo a observar que se multiplicam projetos com objetivos participativos e inclusivos. Estes processos de participação apelam à reflexão e à ação no que concerne a problemas sentidos por cada um e pela sociedade.

Ora a escola constitui, indubitavelmente, um contacto base para a aprendizagem e para o exercício da cidadania. Como se costuma dizer, “é de pequenino que se torce o pepino”. O melhor é começar mesmo pelo ensino pré escolar.

E é o que pensa a educadora da sala ‘Arco Íris’ das Florinhas do Vouga, desenvolvendo projetos nesse âmbito com os seus alunos. Um desses trabalhos consistiu na realização de uma listagem dos parques infantis existentes em Aveiro, na avaliação dos mesmos e na reflexão sobre possíveis soluções.

Ninguém melhor para avaliar um parque infantil do que os seus diretos utilizadores. As crianças diagnosticaram problemas como a presença de beatas de cigarros, constataram a falta de uma simples placa de proibido fumar, a existência de lixo em quase todos os parques da cidade, bem como o mau estado de conservação de alguns equipamentos.

Estas crianças, conscientes da importância do seu trabalho e participação cívica, fizeram esquemas de avaliação de cada parque apontando os aspetos positivos e negativos dos mesmos e elaboraram tabelas para que se pudesse visualizar o estado de cada um dos parques. Refletiram sobre propostas de melhoramento, projetaram um parque ideal.

Querem orgulhosamente divulgar os seus resultados ! Já apresentaram o seu projeto aos alunos de Planeamento Regional Urbano da Universidade de Aveiro e solicitaram agendamento para o apresentar na Câmara Municipal, contudo passaram dois meses e não obtiveram nenhuma resposta…

O que se faz com este trabalho todo? Não é justo que não sejam ouvidas, digo eu. Já as crianças ameaçam anular as suas visitas aos parques em forma de protesto.

Tanto apelo à participação e ignora-se um projeto com este potencial? É defraudar as expetativas de criancas, futuros cidadãos adultos , que pensarão mais tarde que não valerá a pena a participação cívica.

Estou em crer que tudo não passa de dificuldades de agenda, que estas crianças serão recebidas e que as suas ideias serão tidas em conta. Elas merecem apresentar as suas conclusões e o município só tem a ganhar.

Sara Tavares.

* Professora, vogal do PS na Assembleia Municipal de Aveiro – [email protected].

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