Pensar no silêncio como parte integrante do espectro sonoro será, por si só, redutor, quando através dele se abrem as mais longínquas portas dos sentidos e da mente humana.
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Frequentemente usado para descrever a ausência total ou parcial de som, o silêncio traduz-se numa noção universal que, embora seja decifrável, convida a uma reflexão mais atenta. Na atualidade existe muito pouco tempo para desfrutar do silêncio ou refletir sobre o mesmo, sendo este encarado como um assunto quase trivial. Diariamente, o ser humano é confrontado com todo o tipo de sons e ruídos que, aliados à receção de outros estímulos e informações, geram uma sobrecarga cognitiva e emocional avassaladora.
Num contexto de hiperestimulação constante, não será de estranhar a crescente discussão e valorização das temáticas “Bem-Estar” e “Saúde Mental”, bem como a afirmação de novas tendências de mercado direcionadas para a promoção da natureza, do equilíbrio e da tranquilidade do público que ambiciona, acima de tudo, escapar à rotina e à digitalização.
Recentemente, através da aplicação TikTok, foi partilhado o desafio “caminhada silenciosa” que propunha, nada mais, nada menos, do que um passeio desprovido de quaisquer distrações. Os caminhantes deveriam fazer-se acompanhar, única e exclusivamente, dos seus pensamentos e observações, desligando-se do seu telemóvel e smartwatch. O desafio foi abraçado por inúmeros usuários da aplicação que se sentiram tentados a testar a influência do silêncio no seu bem-estar individual.
Há muito que os benefícios do silêncio são estudados por neurocientistas e profissionais de saúde que acreditam que este desempenha um papel crucial na saúde mental e física do ser humano, através da redução do stress, da gestão emocional, do estímulo da criatividade e da melhoria da qualidade de sono.
O sucesso das “caminhadas silenciosas” abriu portas para o lançamento de uma nova tendência de mercado no setor do Turismo, designada de “viagens silenciosas”. O turismo de silêncio apresenta-se como a mais recente tendência de wellness, com um contributo alargado na área da sustentabilidade. O seu grande propósito é que o turista mergulhe num ambiente natural, longe do ruído e das distrações da vida contemporânea, refletindo sobre a sua existência e sobre o mais pequeno dos pormenores que os seus sentidos consigam alcançar. silêncio
O leque de experiências que se encontram disponíveis é vasto e bem diversificado, este destaca retiros de meditação, de sono e de detox digital, parques silenciosos, tours silenciosas pela natureza e alojamentos isolados nas montanhas.
A verdade é que este novo conceito de viagens além de contribuir para o bem-estar integral do público, também procura minimizar os impactes ambientais. Por isso, vários pacotes incluem estadias em alojamentos ecológicos que assumem uma preocupação acrescida com a sustentabilidade, desde os meios de transporte disponibilizados, aos produtos locais oferecidos e atividades de voluntariado propostas.
A título de curiosidade será importante mencionar o trabalho desenvolvido pela Quiet Parks International, uma organização sem fins lucrativos que tem como missão preservar os espaços mais tranquilos e silenciosos do mundo. Esta organização contempla um esquema de certificação que prevê 3 categorias – alojamentos turísticos, áreas residenciais e áreas naturais de conservação.
Além disso, no seu website são identificadas múltiplas experiências a realizar, estando disponível informação detalhada para quem pretender agendar. Portugal encontra-se representado neste mosaico de oferta, através de três experiências, duas a decorrer no Parque Natural Sintra-Cascais e uma no Parque Nacional Peneda-Gerês.
Artigo publicado originalmente no Blog do IPDT Turismo.
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