A multinacional dinamarquesa Bodum, marca de artigos de cozinha e serviços de mesa, dispensou de tarefas laborais, ontem, mais de meia centena de colaboradores da fábrica de Ílhavo, reduzindo para um terço a força de trabalho.
O despedimento coletivo abrange 47 pessoas. Outras sete saíram antes. Todos contratados a prazo. No total, dos 81 colaboradores, a maioria com idade jovem, que estariam a serviço ficam apenas 27.
No entanto, trabalhadores que esta manhã se deslocaram à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), em Aveiro, apontaram para “72 despedidos”, de todas as áreas, desde o planeamento até produção, que funcionava por turnos.
A fábrica de injeção de plásticos, uma das duas da Bodum em Portugal, está a laborar apenas desde agosto do ano passado e não era sentida quebra de encomendas agora alegada para os cortes. “Dizem que poderiam entrar em rutura se não tomassem medidas. Queremos ter os nossos direitos, que passa por receber no mínimo o que falta de salários à data e os subsídios”, referiu uma funcionária despedida.
Administração assume “erro de gestão”
O despedimento coletivo foi anunciado pela administração esta quinta-feira causando grande surpresa, atendendo à renovação muito recente de contratos de meio ano e a existência de mais processos de recrutamento em aberto.
Perda de clientes, quebra de encomendas e agravamento da situação económico-financeira são as razões dadas para a restruturação, que, tudo indica, não coloca em causa a continuidade da fábrica. Garantia dada a NoticiasdeAveiro.pt pela administração, através do seu representante legal e advogado, assumindo que houve um “erro de gestão ao prever mais vendas do que estava a suceder desde o início do ano e contratações de pessoal acima das necessidades.
A Bodum afasta qualquer relação com alegados problemas de fabrico em cerca de uma dezena de cafeteiras exportadas de Portugal para os EUA causando ferimentos em pessoas, o que levou a cadeia Starbucks a pedir, esta semana, a devolução de 260 mil artigos vendidos.
A empresa assegura que irá satisfazer todos os direitos laborais até à data do despedimento coletivo, assumindo-o como “um passo atrás para dar dois em frente”, esperando “retomar o mesmo nível de emprego dentro de um ano.”
Não existiam salários em atraso. Esta restruturação não afecta a fábrica de Tondela, que é a principal unidade do grupo em Portugal.