Mulher sem “consciência” de ter morto o marido

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Tribunal de Aveiro.

A mulher de 54 anos acusada de esfaquear mortalmente o marido, de 57 anos, na Murtosa, há um ano, na residência, não assumiu perentoriamente a autoria do crime, nem deu conta das eventuais circunstâncias que rodearam as agressões.

Nas declarações prestadas no início do julgamento, esta sexta-feira, no Tribunal de Aveiro, questionada pela juíza presidente, a arguida disse que “não se lembra de nada do que se passou” na noite de 21 de maio, atribuindo as falhas de memória por sofrer de “depressão”.

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A acusação do Ministério Público (MP) refere que as agressões fatais (golpes de faca e machado) ocorridas depois do jantar, foram precedidas de uma discussão entre o casal de pescadores na Ria de Aveiro, que estavam sozinhos, por motivos não apurados.

A arguida limitou-se a adiantar que mostrou alguma relutância junto do marido em ir trabalhar no dia seguinte. “Eu não queria ir ao rio, discuti um bocadinho”, assumiu sem mais pormenores. “Tenho uma depressão”, insistiu.

Questionada pela juíza presidente, disse ter percebido que o marido estava morto no sofá, ensanguentado, e saiu de casa desesperada “para se atirar da ponte abaixo”, acabando por desistir e deslocar-se a casa da mãe, a quem deu conta do sucedido, o que levou a chamar a GNR.

Confrontada pela Procuradora do MP com o sangue que tinha na roupa quando foi ao encontro da familiar, a mulher explicou que se “picou” com a faca de cozinha quando a afiava, uma vez que iria ser usada para matar frangos no dia seguinte. Segundo a arguida, na noite da tragédia, o marido estava munido do machado dentro de casa, igualmente a afiá-lo para cortar lenha.

Diagnosticada com estado depressivo, ficou a aguardar consulta de psiquiatria

Em resposta ao advogada de defesa, a mulher confirmou que esteve infetada com Covid-19 antes dos factos, o que teria agravado o seu estado depressivo. Seria vista duas vezes pela médica de família, a quem terá relatado que queria matar-se. A arguida acabaria por ser medicada , que, alegadamente, não cumpria à risca, levando-a a ser censurada pela filha, e ficou aguardar uma consulta de psiquiatria, que já não fez. Questionada pelo seu defensor se “teve consciência que matou o marido”, voltou a negar.

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