Uma mulher que começou a ser julgada no Tribunal de Aveiro, esta terça-feira, por envolvimento num pretenso esquema de burlas com aluguer de casas de férias no Algarve através de fotografias divulgadas em perfis no Facebook declarou-se inocente.
Duas outras acusadas, incluindo a presumível líder, de Lisboa, não compareceram no início da audiência por razões que o coletivo de juízes entendeu justificar, considerando não ser indispensável a presença das mesmas para iniciar o julgamento.
“Não tive acesso a e-mail de reservas, nem às contas de transferências”, afirmou a arguida presente ao responder ao seu advogado de defesa.
No julgamento de Aveiro, estão em causa quatro crimes de burlas, com outros tantos ofendidos, que transferiram 2017 (maio e julho) quantias que variaram entre 350 euros e 1000 euros (prejuízos globais de 2200 euros), para alugar apartamentos ou moradias, “com direito a lençóis e atoalhados”, que descobriram, na véspera de ir para férias, não estarem disponíveis ou sequer tivesse sido alguma vez com aquele fim.
Confrontada pela juíza presidente, a mulher de 27 anos, lojista, que é natural de Ovar mas atualmente reside em Lisboa, assumiu que colaborava com a arguida principal, casada com um colega do namorado, ambos polícias, como angariadora de clientes junto de pessoas que conhecesse a troco de 100 euros por aluguer de casa.
Segundo explicou, ainda chegou a recebeu um pagamento de comissões no valor de 1600 euros em julho, que usou para pagar hotel de um amigo que descobrira ter sido enganado apenas aquando da chegada ao Algarve.
Relatou que durante algum tempo não soube de problemas nos alugueres e que ela própria estivera duas vezes de férias no Algarve em casas disponibilizadas pela mulher para quem encaminhava os angariados. “Toda a gente tinha casa, tudo correu bem em julho”.
Segundo a arguida, quando começaram a surgir queixas de clientes enganados, foi a própria que pediu que não se deslocassem para o Algarve e apresentassem queixas, o que poucas fizeram.
Nas declarações em tribunal, disse que “milhares de pessoas” foram atraídas para os alugueres. A partir de determinada altura, os clientes que transferiam dinheiro recebiam informação de problemas com a disponibilização das casas, outros iam sendo encaminhadas para hotéis de onde acabavam por ter de sair por incumprimento de pagamentos agendados pela arguida principal. “As pessoas que eu conhecia estavam avisadas para não irem. A mim, ela dizia que era o Robin dos Bosques, tirava aos ricos para dar aos pobres”, contou a lojista.
De acordo com a acusação, as arguidas usavam cópias de fotografias de casas retiradas de sites imobiliários, a fingir que alugavam, para “mais facilmente cativar clientes” atraídos ainda por preços convidativos. Os primeiros contactos eram feitos também pelo Facebook, indicando logo um e-mail para transferência das quantias rapidamente para não perder as pretensas reservas.