Mulher apanha 17 anos e meio de cadeia por ter morto o marido

1524
Tribunal de Aveiro.

O Tribunal de Aveiro condenou, esta tarde, a 17 anos e meio de prisão, em cúmulo jurídico, a mulher que esfaqueou mortalmente o marido, em Estarreja, em maio de 2020, alegadamente por motivos passionais.

A pena final resulta das penas parcelares de 17 anos por homicídio qualificado e dois anos e três meses por violência doméstica.

“Provou-se que agiu de forma livre e consciente, por ciúmes e insegurança que são características da sua personalidade. Por falta de auto controlo não teve em consideração que era o pai do seu filho e tratava a sua filha, uma pessoa com quem viveu mais de 20 anos”, disse, em, jeito de comentário final, a juíza presidente.

O acórdão determina, ainda, o pagamento de uma indemnização. 75 mil euros ao único filho do casal.

Pesou a favor da arguida na fixação da pena apenas a ausência de antecedentes criminais

Segundo a juíza presidente, o coletivo deu como provada a acusação “sem alterações assinaláveis” afastando “por completo a tese de acidente ou apenas a intenção de não matar mas assustar” . De resto, foram notadas “versões contraditórias” da mulher ao depor de “forma confusa e incongruente” sobre a relação com o falecido. Começou a admitir que chamava nomes ao marido apenas em resposta a outros insultos dirigidos”, o  que filho contrariou dizendo que a mão tinha uma “paranóia devido aos ciúmes”. Na noite da tragédia, os acontecimentos precipitaram-se, justamente, por a mulher por pensar que o marido teria recebido uma sms de alguma amante.

A arguida disse inicialmente, também, que fora buscar a faca à cozinha para se suicidar e depois admitiu que seria para atingir o marido, embora “para assustar e não matar”, o que teria sucedido acidentalmente.

Já nas alegações finais, a Procuradora do Ministério Público (MP) afastou que as lesões mortais tivessem resultado de um “golpe acidental”. A mulher alegou que a marido feriu-se a si próprio quanto tentava retirar-lhe a faca da mão e não o pretendia matar.

O tribunal ouviu no julgamento o filho do casal, a única pessoa que presenciou o crime, palavras que a acusação pública considerou “esclarecedora” para concluir que o homicídio foi um acto “voluntário” da mulher, que “quis desferir os golpes, sem hesitação e dirigidos a uma zona vital” do corpo, junto ao coração.

A arguida afirmou que tinha descoberto que era traída, o que tornara os desentendimentos mais frequentes, garantindo ter sido vítima de maus tratos, insultos e humilhações, incluindo na noite fatídica, quando terão começado a discutir por causa de um SMS que o marido recebeu no telemóvel, atirando o equipamento ao chão.

O filho do casal disse ao tribunal que o falecido pai era o seu ” melhor amigo e suporte, mesmo financeiro” e que depois do crime “ficou sem nada”, tendo colocado de lado “o sonho de estudar em Inglaterra” por falta de meios.

Artigo relacionado

MP dá como provado que mulher “quis desferir os golpes e sem hesitação” para matar marido

Publicidade, Serviços & Donativos

Para conhecer e ativar campanhas em NoticiasdeAveiro.pt, assim como conhecer / requisitar outros serviços e fazer donativos, utilize a nossa plataforma online.

Natalim3