Mudança de paradigma na Linha do Vouga

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Locomotiva a vapor na Linha do Vouga. Fotografia de Manuel Moreira - https://www.facebook.com/manuel.moreira.54

Quem sabe o turismo ferroviário possa ser a resposta para salvar o troço entre Sernada do Vouga e Oliveira de Azeméis.

Por Bruno Soares *

É com enorme satisfação que vejo um sonho pessoal e um desejo de uma década de todo um movimento cívico ser concretizado.

Há uns três, quatro anos atrás, fui recebido pelo vereador Edson Santos, da Câmara Municipal de Águeda, com o intuito de mostrar a visão do movimento cívico que represento e, sobretudo, expor de que forma seria possível colocar um comboio histórico a funcionar na linha do Vouga.

Foi aí que demonstrei ao senhor vereador (que estava relutante devido ao avultado investimento que julgava ser necessário), que poderia ser bem mais simples do que se pensava: na estação da Régua estavam relativamente bem preservadas as composições que tinham feito parte do comboio histórico do Corgo, o qual já não circulava, salvo erro, desde 2005 e ali acabou por deixar de ter qualquer hipótese de circular uma vez que a linha do Corgo, cerca de três, cinco anos mais tarde, acabou por ser encerrada pelo Governo e os carris foram arrancados.

Certo é que, em 2017, é anunciado um comboio histórico na Linha do Vouga!

Sinto que aquilo que transmiti naquela reunião poderá ter sido útil e a mensagem terá chegado às pessoas certas, nomeadamente ao senhor vereador e o presidente da Câmara Municipal sr. Jorge Almeida, a quem agradeço pessoalmente todo o empenho esforço por esta causa.

Relativamente à locomotiva a vapor, era algo que todos nós ansiávamos desde que tivemos a notícia que o pessoal da EMEF de Contumil tinha colocado a CP E214 novamente em estado operacional. Um bem haja para eles também.

A sua estreia durante o final do mês transacto só pecou por tardia dado os entraves colocados pelo clima e consequentemente pela Proteção Civil, cuja postura não tecerei qualquer comentário pois desconheço as leis em que se basearam para não permitir a circulação noutras épocas do ano, apesar de se terem desenvolvido meios para evitar que a locomotiva fosse um foco causador de incêndios.

Obviamente, estamos a assistir a uma mudança de paradigma na linha do Vouga, sobretudo no ramal de Aveiro e, curiosamente, é esse que vai mais de encontro às premissas do Movimento Cívico pela Linha do Vouga (MCLV).

Espero que haja uma forte adesão às duas marchas previstas para os próximos finais de semana, pois compete a todos os que gostam de comboios, dar a resposta cabal de que a aposta no turismo ferroviário é a mais certeira.

Espero que estas iniciativas possam dar o mote a que os concelhos mais a norte, e que são igualmente servidos por esta via férrea, passem a olhar com os mesmos olhos que o concelho aguedense tem “olhado” para esta linha centenária.

Quem sabe o turismo ferroviário possa ser a resposta para salvar o troço entre Sernada do Vouga e Oliveira de Azeméis.

Espero que as entidades que regem, sobretudo, os concelhos de Albergaria-A-Velha e Oliveira de Azeméis tenham noção que estão a perder uma oportunidade que outros estão a saber habilmente aproveitar.

* Movimento Cívico Pela Linha do Vouga ([email protected])

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