Momento-chave do desenvolvimento da Universidade de Aveiro

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O crescimento e afirmação da internacionalização, da investigação e da cooperação, a transformação nos métodos de ensino, os novos públicos e a transição entre a dimensão local e global estão a mudar a Universidade.

Por Paulo Jorge Ferreira *

Este número da Linhas surge no início do meu segundo mandato como Reitor. O programa de ação que apresentei recentemente ao Conselho Geral é de natureza prospetiva e está organizado em duas partes. Na primeira, pergunto-me que futuro espera a Universidade de Aveiro. Na segunda, pergunto-me como devemos preparar a Universidade de Aveiro para esse futuro.

O momento atual é particularmente desfavorável à prospetiva. Depois de uma crise económica, de uma crise migratória e do Brexit, fomos atingidos por uma emergência de saúde pública inédita. Temos agora um novo conflito armado no continente europeu. O seu impacto na economia é já percetível.

Mas o futuro não é totalmente incerto. Sabemos que a economia atual se baseia no conhecimento. E não se adquire conhecimento pelas armas, mas investindo na cultura, na ciência e nas pessoas.

Vivemos um momento-chave do desenvolvimento da Universidade de Aveiro. O crescimento e afirmação da internacionalização, da investigação e da cooperação,
a transformação nos métodos de ensino, os novos públicos e a transição entre a dimensão local e global estão a mudar a Universidade. Gerir este processo e preparar a Universidade para o futuro e para as próximas gerações é o principal desafio que temos pela frente.

Em plena crise demográfica, a procura da Universidade de Aveiro tem vindo a subir. Somos uma instituição global, que atrai talento de mais longe. E ainda bem, porque cruzando previsões demográficas com a origem geográfica da comunidade académica, calculo que o talento disponível se reduzirá 7% em cinco anos e 13% em dez anos. Por isso é importante alargar a oferta formativa tradicional ou conferente de grau a novos públicos; e responder com ofertas formativas adequadas às solicitações crescentes de requalificação e formação ao longo da vida.

O programa de ação orienta-se para a sustentabilidade da Universidade de Aveiro, considerando as suas dimensões social, financeira e ambiental. Incluo na sustentabilidade social os temas relativos às pessoas, o nosso principal ativo. Para atrair e reter talento temos de ser atrativos para quem está fora, mas sem esquecer quem está dentro da Universidade.

Do ponto de vista financeiro, a convergência com a Europa implicaria a duplicação da dotação do orçamento de estado da Universidade de Aveiro, o que demoraria mais de duas décadas ao ritmo atual – se o resto do mundo esperasse por nós. Não podemos ficar para trás na economia do conhecimento. É preciso governar a pensar nas próximas gerações, e não nas próximas eleições.

Quanto à sustentabilidade ambiental, a Universidade de Aveiro adotará a neutralidade carbónica como objetivo, em sintonia com a agenda europeia e portuguesa para o clima e o compromisso pioneiro que a Universidade de Aveiro assumiu com o ambiente, ainda na década de 1970. A sustentabilidade é uma questão de justiça intergeracional – a conciliação do bem-estar de uma geração com o bem-estar das gerações seguintes. Este objetivo respeita quer o nosso passado, quer o nosso futuro.

Este número da Linhas aborda temas relacionados com estas propostas. A sustentabilidade ambiental é o tema de um artigo de opinião do Professor Joaquim Borges Gouveia. O papel central da Universidade na dinamização da agenda cultural da região, através de iniciativas como o Campus Jazz, também é abordado neste número. Posicionar a Universidade de Aveiro como um lugar de transversalidadecultural e científica continuará a ser um objetivo nosso.

Termino sublinhando a necessidade de elaborarmos o plano estratégico da Universidade de Aveiro para os próximos anos, com base no programa de ação aprovado pelo Conselho Geral. O plano estratégico da Universidade não é do Reitor nem da Reitoria. É de todos nós. Por isso, criarei oportunidades para que todos possam participar na sua elaboração. Conto com toda a comunidade académica para isso.

* Reitor da Universidade de Aveiro. Editorial da revista Linhas UA – número 37 (junho de 2022).

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