Ministro, Professores e Educação

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Protesto de professores.
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Com toda a certeza se aguarda o início de um novo ano letivo com muita perturbação para todos os atores e intervenientes da educação em Portugal. Para compreender isso, basta constatar os pré-avisos de greve já emitidos pelos sindicatos e as próprias greves que já estão a ser executadas.

Por Diogo Fernandes Sousa *

Numa escala hierárquica, começo por escrever acerca do Ministro da Educação, um ator envolvido em polémica desde início do seu mandato que tem contribuído para agudizar as posições dos restantes intervenientes pelas suas constantes declarações e entrevistas onde afirma não ter tempo ou dinheiro para satisfazer reivindicações, contudo é evidente que os docentes e restantes profissionais da educação são contra as várias reformas e medidas que o Ministro já anunciou ou fez aprovar em Conselho de Ministros, pelo que a imagem que transparece é a de um Ministro que não quer saber de quaisquer reivindicações e que vai seguir o seu próprio guião, contra tudo e contra todos, para fazer aquilo que bem entende da educação portuguesa.

Seguidamente escrevo acerca dos Diretores de Escolas e Agrupamentos, um nível intermédio da hierarquia, que acabam por representar o papel da escola e defender os próprios alunos junto do Ministério da Educação. As constantes posições assumidas pelos Diretores acabam por ser concordantes com a posição dos docentes e sindicatos, o que facilmente se justifica quando pensamos na gestão diária da escola que está continuamente a aumentar o nível de dificuldade em função do extremar de posições contrárias entre atores educativos.

Continuamente temos os docentes que, tudo indica, vão continuar com as suas reivindicações até que algo seja efetivamente favorável à sua carreira. No entanto, quando escrevo acerca dos docentes pressinto o próprio desgaste que muitos assumem das greves e lutas do ano letivo anterior, pelo que uma menor participação em greve pode significar que o governo voltou a vencer uma batalha através do desgaste que proporciona na sociedade.

Por fim, os Encarregados de Educação, em representação dos seus educandos, onde percebemos a desconfiança que paira à entrada das escolas sobre a possibilidade de novas greves e camufladas acusações de que os professores são os responsáveis pelos Encarregados de Educação perderem o vencimento de um dia de trabalho, direcionando, incorretamente, o foco da acusação que deveria ser o Ministro e as suas políticas unilaterais.

Na minha opinião há um meio de resolução relativamente simples para este conflito que assenta na substituição do Ministro da Educação, sendo que saliento que isso não significa necessariamente aceitar as reivindicações das classes profissionais, contudo a imagem do Ministro é bastante contraditória e controversa, uma vez que o Ministro defende uma escola democrática, mas assume uma postura autocrática.
Igualmente, mantenho uma posição contrária à forma como se está a decidir o futuro da educação em Portugal, constatando que não existe qualquer tipo de diálogo, seja com outros partidos, seja com os atores educativos.

Concluindo, acredito que não podemos esperar um ano mais sereno nas escolas e perceciono de forma negativa a evolução das políticas que estão a ser executadas na educação, desde logo pela facilitação de acesso à carreira docente para professores de habilitação própria ou suficiente, que não possuem base pedagógica (e cada vez mais também base científica) justificativa para lecionar.

* Professor do Ensino Superior.

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