A cidade de Aveiro assiste no próximo domingo ao Festival da Interculturalidade. O salão dos Bombeiros Velhos será palco, durante a tarde, de um espetáculo que apresenta no cartaz artistas de várias nacionalidades.
Da parte da manhã, estão programas atividades desportivas e de promoção da vida saudável. O almoço será em formato street food também com uma mostra gastronómica intercultural. O Festival da Interculturalidade é organizado pelo Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) que funciona sob alçada da Casa Vera Cruz, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) ligada à paróquia da Vera Cruz. Isabel Vasconcelos e Catarina Raínho, da equipa do CLAIM, falam do convívio e também do apoio que é prestado aos imigrantes que vão chegando à região.
Discurso direto
“Esta iniciativa começou aquando do Dia Municipal do Imigrante, organizado pela Câmara com a nossa colaboração. Depois demos continuidade a este convívio intercultural. É uma oportunidade de promover o diálogo intercultural, que é benéfico”. (…) “Nós trabalhamos na área das migrações aqui na Casa da Vera Cruz desde 1998. Houve fases de mais e menos imigração. Ultimamente temos tido mesmo muita gente. Pelo menos 64 nacionalidades neste momento. Desde 2020 já atendemos perto de cinco mil pessoas, mas são apenas os atendimentos formais não é tudo que fazemos”. (…) “Muitas pessoas chegam com falta de informação e ficam em situações complicadas, não sabem a dificuldade em encontrar casa, em ter escola para os filhos, os problemas de regularização ou ter documentos em ordem para ter uma vida normal” – Isabel Vasconcelos, coordenadora do CLAIM.
Entrevista (primeira parte)
“Muita gente vem para ficar em Portugal, trazem ilusões, que é fácil arranjar casa ou regularização. Mesmo com dificuldades, querem ficar no país. Depois temos casos de pessoas que querem tentar a vida em outro país, porque ouvem dizer que vão ganhar mais. Procuramos informar como devem proceder nesses países para se regularizar. As pessoas com mais vontade de ir para outro país, arriscar, são solteiras, estão por sua conta”. “Há sempre algumas dificuldades de integração, mas acho que mesmo tendo dificuldades, os imigrantes consideram que Portugal recebe bem, que acolhe, porque tem serviços de apoio que não existem em outros países, por exemplo na legalização ou algo como o CLAIM. Sentem sempre um choque cultural, mas vai sendo ultrapassado à medida que se adapta. Por isso é importante promover encontros interculturais” – Catarina Raínho (animadora).
Entrevista (segunda parte)
Informação e apoio
O CLAIM de Aveiro funciona desde 2003, integrando a rede CLAIM do Alto Comissariado para as Migrações. Atualmente é uma atividade do projeto “Somos Todos Migrantes”, co-financiado pelo Fundo de Asilo, Migração e Integração (FAMI) que tem como objetivo “a promoção da integração de imigrantes nacionais de Países Terceiros (não Europeus).”
O CLAIM presta informação e apoio para legalização, reagrupamento familiar, nacionalidade, educação (equivalências e reconhecimento), assuntos laborais, segurança social, saúde, retorno voluntário, marcações online no SEF e consulados, entre outros assuntos que apresentem dificuldades para a integração.
Participa, ainda, em atividades locais de forma a promover a interculturalidade e integra grupos de trabalho com a finalidade de prevenir a imigração ilegal, o tráfico de seres humanos, a violência doméstica, o racismo e xenofobia.
A equipa técnica presta atendimento em Aveiro ou em regime de itinerância em Ílhavo, em Vagos e em freguesias/concelhos limítrofes que apresentem essa necessidade.
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