Apesar te termos tido um mau resultado, ainda assim foi quase o menos mau, no panorama geral do CDS a nível nacional.
Por Jorge Pato *
Depois das últimas legislativas, pronunciei-me apenas duas vezes publicamente sobre os resultados. Logo após o conhecimento dos resultados, numa brevíssima declaração à imprensa e no dia seguinte, numa mensagem enviada aos que mais trabalharam na campanha eleitoral, agradecendo o empenho que tiveram.
Apesar de várias entrevistas e publicações de alguns militantes do Distrito, a pedirem a demissão da Comissão Política Distrital, entendi não responder, manter o recato que julgo adequado nesta situação difícil do CDS e continuar um período de reflexão pessoal, sobre o meu futuro no Partido.
Entendo ter chegado a hora de me pronunciar sobre os resultados eleitorais e situação política distrital.
Apesar de o CDS ter tido um resultado muito abaixo do desejável, importa lembrar que Aveiro foi o segundo melhor resultado eleitoral do país em termos relativos (só superado por Viana do Castelo que, apesar do melhor resultado, não elegeu deputados).
Aveiro também é um, dos apenas 4 distritos do país, representados na bancada do CDS. Ou seja, apesar te termos tido um mau resultado, ainda assim foi quase o menos mau, no panorama geral do CDS a nível nacional.
Embora todos os distritos tenham obtido resultados fracos, as demissões de estruturas distritais e concelhias foram muito poucas, resumindo-se a casos muito pontuais e estatisticamente quase irrelevantes. Esta postura de serenidade da generalidade dos dirigentes do partido foi justificada e elogiada em quase todas as intervenções na última quinta-feira, na Comissão Política Nacional e no Conselho Nacional do CDS.
Destaco aqui, as intervenções do primeiro vice-presidente, Nuno Melo, que defendeu inequivocamente a necessidade de manter a serenidade e estabilidade, e criticou fortemente aqueles, que publicamente têm pedido a demissão de órgãos eleitos, com mandatos em vigor.
Acresce que, no caso do distrito de Aveiro essa atitude é ainda mais justificável, uma vez que o mandato da comissão política distrital termina no final do próximo mês. Não há nenhuma razão válida, para que se precipitem eleições internas a menos de dois meses do final do mandato, e tão pouco tempo antes do congresso marcado para janeiro.
Talvez devesse terminar este texto no parágrafo anterior. Mas apesar de quem me conhece, me reconhecer uma paciência quase infinita, esta também tem limites. E portanto chegou o momento, de me pronunciar sobre as criticas internas, que normalmente são tornadas públicas.
Já depois de se ter demitido da comissão política concelhia de Ovar, Fernando Almeida pronunciou-se frequentemente de forma crítica sobre o trabalho político da direção nacional e distrital do CDS. Embora mantendo-se apenas como militante de base, foi tendo sempre eco na imprensa regional e nacional, sendo reconhecidamente uma das vozes mais ouvidas na oposição interna, aos mandatos distrital e nacional e vigor.
É pena que a projeção política que tem na imprensa não se reflita nas mesas de voto. Apesar desta visibilidade, o concelho de Ovar teve a segunda votação mais fraca de todo o distrito de Aveiro. A atuação política mediática do seu militante mais reconhecido não parece trazer grandes benefícios ao partido, no seu concelho. Aliás, uma realidade que não é nova naquele concelho, que já no passado teve episódios semelhantes.
Talvez fosse mais útil alguns militantes preocuparem-se em obter votos para o CDS nos seus concelhos, em vez de denegrirem permanentemente a imagem do partido na imprensa. Ou de criarem dificuldades na elaboração de listas com exigências na hierarquia de lugares, absolutamente inócuos. Ou de minarem permanentemente o trabalho de estruturas eleitas com mandatos em curso, quando pessoalmente não são exemplos de idoneidade e valor social reconhecido. Em suma, militantes para quem o partido é única forma de se promoverem socialmente, mas onde as mesas de voto demonstram a sua mediocridade política.
O próximo congresso do CDS foi marcado para janeiro. Falta muito pouco tempo para que todos os militantes tenham oportunidade de expressar as suas opiniões e votarem na eleição dos novos dirigentes nacionais do partido. Também dentro de muito pouco tempo teremos eleições para os órgãos distritais de Aveiro, onde todos os militantes podem ser alternativa. Quem até agora não concordava com a gestão dos órgãos eleitos terá oportunidade de se candidatar, para fazer diferente e melhor.
Pela minha parte, como já escrevi, o meu futuro próximo no CDS dependerá apenas da minha vontade e dos militantes. No tempo próprio e adequado decidirei o meu futuro. Enquanto isso, continuarei a servir o partido como autarca, numa das poucas câmaras municipais com gestão do CDS. Sim, porque eu fui eleito.
* Presidente da Distrital do CDS de Aveiro. Artigo adaptado de publicação original em https://www.facebook.com/jfpato/posts/2988371411177098