Médicos obrigados à greve: o que os nossos doentes devem saber

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Médico de família.

Os médicos portugueses vão iniciar um período de greves nacionais, regionais e sectoriais. Lamentamos os constrangimentos inevitáveis. Tudo, mas mesmo tudo, fizemos para as evitar…

Por Jorge Paulo Roque da Cunha *

O estado de agonia do SNS, provocado pelo desinvestimento nos seus profissionais, reflete-se no aumento do número de Portugueses sem médico de família (1 milhão e 600 mil) e das listas de espera para consultas e cirurgias.

O recurso à greve é o resultado do total desinteresse do Governo em querer travar o descalabro do SNS. Apesar de afogados em impostos, os Portugueses precisam, muitas vezes, de delapidar as suas poupanças para terem acesso aos cuidados de saúde consagrados na Constituição.

Em Portugal não há falta de médicos; há incapacidade negligente do Governo em os contratar para o Serviço Nacional de Saúde.

O atual SNS não sobrevive sem milhões de horas extra e o esforço desumano dos médicos, que coloca em risco a sua saúde e a saúde de quem assistem. Não é possível continuar neste caminho!

Os médicos não são super-heróis, a quem tudo pode ser exigido sem necessidade de descanso.

Não querem o regime de 52 horas de trabalho semanais proposto pelo Governo, porque isso põe em risco a segurança clínica.

Afinal o que querem os médicos? Tão-somente salários dignos, adequados à sua formação e à responsabilidade da sua profissão, horários de trabalho humanos e tempo para ter uma família e se atualizarem cientificamente.

Os médicos fazem esta greve também para melhorar os cuidados de saúde dos Portugueses. Apelamos, por isso, à compreensão e solidariedade dos nossos concidadãos.

* Presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

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