Nos últimos anos, a área da saúde tem sido um dos principais focos de debate em Portugal, especialmente no contexto da formação de novos profissionais. A recente aprovação do mestrado integrado em medicina pela Universidade de Aveiro é uma conquista que levanta questões sobre os benefícios e os desafios associados a esta decisão.
Por Diogo Fernandes Sousa *
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A abertura de um novo curso de medicina em Aveiro traz várias vantagens, nomeadamente ajudar a aumentar a oferta de médicos formados em Portugal o que, com o envelhecimento da população e a crescente procura por cuidados de saúde, é essencial para garantir que há profissionais suficientes para atender às necessidades dos utentes.
Além disso, o impacto positivo no desenvolvimento regional também não pode ser subestimado. A instalação de um novo curso de medicina atrairá estudantes, investigadores e profissionais de saúde para a região, promovendo o crescimento económico local, incentivando a criação de infraestruturas de saúde avançadas, bem como promover a importância da cooperação entre academia, unidades locais de saúde e outras instituições.
Adicionalmente, a competição saudável entre universidades pode impulsionar a inovação e a investigação na área de estudo. Um novo curso pode trazer novas abordagens pedagógicas, técnicas e metodologias, contribuindo desse modo para o avanço científico.
Contudo, devemos reconhecer desvantagens associadas à abertura de um novo curso de medicina, para que estas possam ser mitigadas de forma eficaz. Uma das principais preocupações, expressa pelo Conselho de Escolas Médicas e pela Associação Nacional de Estudantes de Medicina, é a potencial redução da qualidade da formação. A acreditação deste curso pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) numa região já abrangida pelo ensino clínico médico, com expansão de vagas, implica uma maior pressão formativa nas unidades locais de saúde afiliadas às universidades.
Isso significa que o aumento do número de estudantes de medicina pode sobrecarregar os hospitais e centros de saúde locais, uma vez que a região do Porto, por exemplo, já suporta em ensino clínico cerca de 1.500 estudantes de medicina, com mais de 500 estudantes só na unidade local de saúde Gaia/Espinho.
Seguidamente, a formação de um número excessivo de médicos também pode levar a um desequilíbrio no mercado de trabalho. Apenas aumentar o número de estudantes não resolve os atuais problemas do serviço nacional de saúde, já que este aumento não resulta diretamente num efetivo aumento de profissionais de saúde.
Concluindo, a abertura de um novo curso de medicina na Universidade de Aveiro é uma oportunidade que deve ser abraçada com entusiasmo e responsabilidade. As vantagens, como o aumento do número de médicos e o desenvolvimento regional são significativas para Aveiro. No entanto, é fundamental abordar de forma proativa as desvantagens, como a sobrecarga dos sistemas de saúde locais.
Com uma abordagem coordenada e colaborativa, focada nas necessidades nacionais e regionais, o novo curso de medicina pode representar um passo importante para o fortalecimento do serviço nacional de saúde.
* Professor do Instituto Politécnico Jean Piaget do Norte.
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