O presidente da Câmara de Aveiro apelou a uma união de esforços partidários tendo em vista a captação de fundos europeus destinados a Portugal através do chamado ‘Fundo de Recuperação Europeu’ pós-crise Covid-19 (cerca de 15,3 mil milhões de euros), que estarão a ser disputados por outras regiões do País.
“A luta dos aveirenses é fundamental, mas aqui põem-se os interesses dos partidos acima de Aveiro. Estamos num tempo capital, que é o de dar destino aos milhões de euros”, lamentou Ribau Esteves durante a Assembleia Municipal, esta sexta-feira, alertando “que é uma luta dura e está aberta”, onde “já existem folhas excel com obras e investimentos” em cima da mesa.
“Deixem-se de partidarites. Para a malta de Coimbra o partido deles é Coimbra, a malta do Porto é o Porto, a malta de Aveiro tem uma mania absurda de pôr os partidos acima de Aveiro. Isto tem de acabar”, insistiu.
Criticou também “a demogogia e conversa da treta” em torno de vários dossiês com reivindicações locais a que o Governo não dá o andamento esperado, como projetos rodoviários em espera (o Aveiro-Águeda ou a requalificação da estrada S. Jacinto – Torreira).
Foi nos mesmos termos que qualificou a intervenção do deputado Nuno Marques Pereira (PS) que, no período antes da ordem do dia, abordou dois assuntos: o 41º aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a saída do Governo de Alberto Souto de Miranda, ex presidente da Câmara de Aveiro, sugerindo um louvor pelas funções desempenhadas enquanto Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações.
A homenagem ao SNS deveria ser feita, segundo Ribau Esteves, com os investimentos em falta, nos recursos humanos e na qualificação do hospital de Aveiro. “Ainda não temos luz verde, deixem-se de conversas da treta, queremos o futuro para o bom SNS que temos, mas precisa de investimentos brutais”, disse, antevendo retrocessos com a remodelação que retirou Jamila Madeira do cargo de secretária de Estado-adjunta da Saúde.
Alberto Souto “não está mais para aturar o ministro”
Quanto a Alberto Souto, o autarca, sem desvendar o teor de uma conversa mantida com o ex governante, lembrou que “é público” a razão da saída : “não está mais para aturar o ministro Pedro Nuno Santos” que tenderá a concentrar as decisões.
“Tenho muita pena que tenha saído do Governo, mas nunca percebi porque aceitou ser número 2 daquele ministro”, comentou Ribau Esteves, acrescentando que o antigo autarca aveirense “tem uma visão da vida, uma personalidade e atitude que é radicalmente diferente” do ministro e, assim, “obviamente não podia durar muito tempo”.
De Nuno Marques Pereira, lamentou que em vez de ter falado de dossiêrs nacionais não tenha falado dos locais, acusando-o de “como administrador” do Porto de Aveiro “só levantar obstáculos e problemas” no que diz respeito à entrega à Câmara dos terrenos da antiga lota e da gestão da bacia de recreio de S. Jacinto no âmbito da delegação de competências governamentais.