Maio – Mês do Coração: A importância do diagnóstico precoce

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Medicina (coração).

Quando se trata de insuficiência cardíaca, o diagnóstico precoce faz toda a diferença, já que esta é a melhor forma de dar início a um tratamento que melhora o prognóstico e a qualidade de vida dos doentes. É para ele que vai o destaque da Semana Europeia da Insuficiência Cardíaca.

Por Elisabete Martins *

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“Detete o indetectável! Cuide do seu Coração!” é o mote nacional, inspirado na campanha europeia, para assinalar a Semana Europeia da Insuficiência Cardíaca, uma iniciativa que deixa um alerta claro para a necessidade de um diagnóstico precoce. E é fácil perceber porque é este o foco: um diagnóstico precoce significa um tratamento também ele precoce, o que se traduz num impacto significativo no prognóstico destes doentes.

E não são poucos os que vivem com este problema: de acordo com os dados do estudo PORTHOS, recentemente apresentados, a insuficiência cardíaca afeta 1 em cada 6 portugueses com mais de 50 anos e a maioria dos doentes não estão diagnosticados. Isto ajuda a justificar porque é que, no nosso país, esta é uma causa frequente de hospitalização, tendo-se assistido a um aumento da mortalidade nos últimos anos, de acordo com os dados divulgados no Plano Nacional de Saúde 2021-2030.

De facto, a mortalidade por insuficiência cardíaca é superior à de muitos cancros e, devido ao envelhecimento da população e ao aumento da prevalência de fatores de risco, como a obesidade e a diabetes, estima-se que a prevalência da insuficiência cardíaca aumente significativamente nos próximos anos.

E do que se trata quando falamos de insuficiência cardíaca? Nesta condição, o músculo cardíaco não funciona de forma eficaz, o que provoca sintomas que interferem muito com a qualidade de vida dos doentes: cansaço fácil, falta de ar ao realizar esforços ou mesmo quando deitados e pernas inchadas, sobretudo ao final do dia.

Como estes sintomas são semelhantes aos de outras doenças, a confirmação do diagnóstico requer a realização de análises ao sangue (doseamento de NT-proBNP ou BNP) e uma avaliação cardíaca por técnica de imagem, geralmente o ecocardiograma. Um diagnóstico que, idealmente, deveria ser realizado ao nível dos cuidados de saúde primários, ou seja, pelos médicos de família, sendo os cuidados hospitalares preferencialmente direcionados para os doentes mais complexos e nas fases de agudização da doença, em que o doente retém líquidos (edemas) e necessita de medicação endovenosa.

Não podemos também esquecer que conhecer as causas é a melhor forma de prevenir a insuficiência cardíaca. E são muitas as doenças que podem originar este problema, como a hipertensão não controlada ou a doença das artérias coronárias, havendo ainda outras causas possíveis, como doenças das válvulas cardíacas, consumo excessivo de álcool, doenças do ritmo ou doenças genéticas (familiares).

Para a prevenção da insuficiência cardíaca são, por isso, recomendados hábitos de vida saudáveis, como a atividade física regular, a manutenção do peso ideal e uma dieta regrada, para além do controlo de fatores de risco cardiovascular (ex. hipertensão, diabetes, colesterol). E, no caso de uma doença cardíaca aguda (por exemplo, dor no peito suspeita de enfarte agudo do miocárdio), o doente deve procurar atendimento médico urgente, já que o tratamento atempado destas situações também previne a insuficiência cardíaca.

O conhecimento é essencial quando se trata desta enfermidade, pelo que, durante esta semana serão desenvolvidas diferentes iniciativas, incluindo a divulgação dos fatores de risco, das manifestações clínicas e dos métodos necessários para o diagnóstico de insuficiência cardíaca, com o Grupo de Estudo de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca (AADIC) a aliarem-se a esta campanha com o apoio da AstraZeneca.

* Coordenadora do Grupo de Estudo de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

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