O perfil dos idosos que relatam abusos físicos e psicológicos mudou com a pandemia. Até esse momento as vítimas viviam, maioritariamente, sozinhas mas no ano passado os casos de violência sobre pessoas a viver com cuidadores ou familiares, subiram de 27 para 53%.
Por Ricardo Pocinho *
No próximo dia 30 de julho, às 11:30, no Centro Social e Paroquial Nossa Senhora de Fátima em Aveiro, a ANGES – Associação Nacional de Gerontologia Social, realizará uma cerimónia comemorativa do seu 10 aniversário, que será antecedida por Assembleia Geral, que elegerá os órgãos sociais para o quadriénio 2022-2026.
Esta data histórica, para a Associação com sede em Pombal e com representações em todo país e muitos lugares do mundo, ficará marcada pelo início de uma campanha contra a violência que em Portugal é perpetuada contra as pessoas idosas.
Os próximos 4 anos, serão de luta cerrada contra todos os tipos de violência contra os mais velhos, não só a violência física, mas todo e qualquer tipo de discriminação, falhas no acesso a serviços e de opção nas respostas sociais.
10 balões pretos, serão largados por estes 10 anos de luta pelos mais velhos e por quem deles cuida.
Segundo a APAV em 2021, foram vítimas de violência 1.594 pessoas idosas, o que significa 4 pessoas por dia.“Segundo a Linha SOS Pessoa Idosa, até 2020 a maioria dos idosos que eram alvo de violência viviam sozinhos. Atualmente a maior parte partilha casa com o agressor.
O perfil dos idosos que relatam abusos físicos e psicológicos mudou com a pandemia. Até esse momento as vítimas viviam, maioritariamente, sozinhas mas no ano passado os casos de violência sobre pessoas a viver com cuidadores ou familiares, subiram de 27 para 53%.
As mulheres viúvas, na casa dos 75 e os 84 anos, continuam a representar a generalidade das vítimas registadas. Contudo, nas mulheres casadas também se verificou um aumento das queixas de 17 para 35%.
Muitos casais de idosos relatam terem sido alvo de violência em casa e alguns dos fatores apontados como causas são o facto de muitos filhos terem regressado às casas dos pais e os centros de dia terem estado bastante tempo encerrados, o que levou a que muitos idosos recorressem a cuidadores.
Muitos dessas pessoas que se dedicaram ao cuidado dos mais velhos não são profissionais e não estão aptos para desempenhar tal função, e o cansaço pode levar a comportamentos negligentes para com os idosos.”
Portugal, pela forma como trata os idosos tem muitos motivos para corar de vergonha.
* Presidente da ANGES e candidato a novo mandato.
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