A nossa luta terá surtido efeito, pois os planos para a modernização da linha foram reformulados e passam, agora, por aquilo que sempre defendemos.
Bruno Soares *
Desde que este movimento cívico foi fundado, a nossa luta pautou-se sempre pela salvaguarda da Linha do Vouga e pela preservação da via estreita (bitola métrica) em Portugal.
Ora, estando o que resta da Linha do Tua num impasse burocrático, que tem impedido a sua reactivação, a Linha do Vouga ostenta o título de última via estreita em funcionamento no nosso país. E por ser a última, acreditamos que seja motivo mais que suficiente para que assim se mantenha, para que assim funcione e para que assim seja modernizada.
Nos últimos anos, a maioria das edilidades servidas por esta linha, criaram um certo estigma em relação à actual bitola, focando a sua modernização quase única e exclusivamente na alteração para bitola ibérica e ligação directa à Linha do Norte, em Espinho.
No entanto, a modernização com alteração de bitola, implica investimentos avultados e a aniquilação do interesse turístico. Uma factura demasiado pesada e injustificada, na nossa humilde opinião.
Foi nisto que nos debatemos ao longo dos últimos anos, tentando abrir um pouco mais a mentalidade de quem pode tomar decisões em relação ao futuro da Linha do Vouga.
Uma das primeiras “batalhas” deste movimento, foi apelar à tutela para rejeitar o encerramento desta via, que estava programado no ano de 2011. A linha sobreviveu e a nossa luta virou-se para o apelo à aposta turística.
Em 2017, fomos brindados com a chegada do comboio histórico. Nunca descurando o apelo à modernização e à manutenção do troço Oliveira de Azeméis-Sernada do Vouga, chegamos ao ano de 2020, no qual o governo acaba de anunciar a versão actualizada do Plano Nacional de Investimentos 2030.
Orgulhamos-nos por, finalmente, podermos afirmar que a nossa luta terá surtido efeito, pois os planos para a modernização da linha foram reformulados e passam, agora, por aquilo que sempre defendemos: manutenção de todo o trajecto entre Espinho e Aveiro; manutenção da bitola métrica, electrificação e conciliação com a aposta turística.
Apelamos a todas as edilidades para que acreditem neste projecto, que o defendam e apoiem, pois acreditamos ser a solução mais credível e viável que a linha precisa. Ao governo, apelamos para que estas intenções descritas no PNI2030 se concretizem!
* Movimento Cívico pela Linha do Vouga (MCVL).