Lembram-se dos incêndios florestais ?

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Bombeiros de Estarreja no incêndio florestal de Albergaria-A_Velha (7-09-20).

O que devemos – e tanto as catástrofes naturais como os incêndios florestais provam isso – é preparar os bombeiros portugueses

Por Fernando Curto *

Por esta altura parece descabido estar a falar de incêndios florestais, não é? Pois pode parecer, mas não é, de todo!

É certo que, nas últimas semanas, têm sido notícia as cheias e inundações. E as televisões mostram (e repetem vezes e vezes) as imagens da cheias, da água pela cintura, da água que submerge os carros, dos bombeiros a acudirem às intempéries.

E ouvem-se os responsáveis, políticos e técnicos, os comentadores e especialistas (alguns) a falar do socorro, do que se passou e não passou, do que podia ou devia ter sido feito, registam-se os estragos (sim, são milhares ou milhões de prejuízos) e lamentam-se as vítimas (houve uma idosa que morreu em casa, em Algés).

O que pretendo sublinhar é que não podemos controlar as alterações climáticas, embora possamos (e temos o dever) de adoptar comportamentos socialmente mais sustentáveis para protegermos o meio ambiente. Também não podemos travar o desenvolvimento urbano e a construção nas cidades, a mando de estratégias autárquicas que, a nós bombeiros, não nos dizem respeito.

O que devemos – e tanto as catástrofes naturais como os incêndios florestais provam isso – é preparar os bombeiros portugueses, com formação técnica constantemente atualizada, com equipas especializadas (todos viram como os mergulhadores foram essenciais nestas cheias), com equipamento adequado e em bom estado, com as viaturas necessárias.

Preparar os corpos de bombeiros é garantir um socorro de prontidão e com eficácia. Isso só se faz com investimento e com valorização das carreiras dos bombeiros, e esse tem sido um trabalho e uma aposta constante e de há muitos anos da ANBP e do SNBP!

* Presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Portugueses. Editorial da Revista Alto Risco.

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