Legislativas 22: “Temos muita gente a reivindicar obras, mas fomos nós que desbloqueámos” – Pedro Nuno Santos (PS)

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Pedro Nuno Santos, à esquerda, em campanha eleitoral.
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Pedro Nuno Santos reclama para a governação do PS, que diz ter sido influenciada pelo ‘peso’ dos eleitos no distrito, o avanço de investimentos em Aveiro que outros partidos reivindicam mas não executaram. O cabeça-de-lista conta, por isso, com o apoio dos eleitores para reforçar a votação ‘rosa’ em busca de uma maioria que permita governar com estabilidade (C/ registo vídeo).

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NotíciasdeAveiro.pt – Ainda é confrontado com pessoas a questionarem as razões das eleições antecipadas ?

Neste momento as pessoas já estão focadas no ato eleitoral, mas acho que sabem porque há eleições e não queriam eleições. Tenho a sensação também que as pessoas não estão muito disponíveis para estar constantemente em eleições, nem agora nem daqui a dois anos. Temos sido muito bem recebidos, a reação é boa. Já não se discute quem é o responsável, mas acho que a nossa mensagem sobre isso passou.

O PS garante que é “o melhor preparado para liderar a recuperação económico e combater a pandemia”.

Temos uma governação de seis anos, nos últimos dois anos sofremos a pandemia. A forma como lidamos com isso tem sido alvo de reconhecimento internacional. O país, apesar das dificuldades, tem conseguido lidar bem com a pandemia. Ao mesmo tempo com que virámos a página da pandemia estivemos a trabalhar na recuperação económica, nos instrumentos que vão permitir a recuperação económica, que são o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o Portugal 2030 – são muito importantes, com algumas dezenas de milhões de euros para investimento no país – , que desenhámos e somos quem está melhor preparado para começar a executar desde já, sem ter de passar por mudança de protagonistas que inevitavelmente iria atrasar a recuperação. Por isso dizemos que somos os que estamos melhor preparados para lançar a recuperação que o país precisa.

Na campanha tem sido questionada a capacidade do Governo de alcançar o desejado crescimento económico.

Tem havido esse debate, ainda bem. Temos tentado fazer a distinção. Há questões factuais. Nos 15 anos anteriores a 2015, o país cresceu em média 0,4 %, nos quatro anos a seguir a 2015, antes da pandemia, com a entrada de António Costa e do nosso Governo foi 2,8% em média. Há uma diferença grande. O desemprego baixou, temos mais 500 mil pessoas empregados do que em 2015. Temos, obviamente, a ambição das pessoas empregadas possam ganhar melhor, Portugal ainda é um país onde se paga mal. Isso depende do desenvolvimento da economia. O PRR tem instrumentos que vão ajudar quer do ponto de vista infra estrutural e quer de financiar projetos empresariais para a economia dar um salto, é isso que pretendemos com o PRR e o Portugal 2030.

Pensam já em cenários pós-eleitorais, à esquerda, para conseguir governar ?

Estamos apenas focados em conseguir o melhor resultado possível, uma maioria reforçada que dê uma maior estabilidade à nossa governação. Durante seis anos foi possível esse trabalho com o PCP, PEV e BE. Agora achamos, ainda para mais após a interrupção da legislatura, que precisamos de uma maioria reforçada para ter maior estabilidade. Não pensamos em cenários pós-eleitorais, pensamos em ter os melhores resultados e depois obviamente o PS governará com as condições que os portugueses lhe derem. Mas estamos a lutar por uma estabilidade que não tivemos nops últimos dois anos.

Os partidos da oposição queixam-se de falta de investimento no distrito, de obras que começam a dias das eleições...

…As eleições é que são nas vésperas de iniciar as obras na Linha do Vouga, não estávamos à espera de eleições, estávamos a meio do mandato. As eleições é que nos apanharam desprevenidos, não as obras.

O presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, tem apelado aos partidos nestas eleições para colocarem como prioridade a ampliação do Hospital de Aveiro.

O atual Governo já garantiu aquilo que era prioritário: o financiamento para a elaboração do projeto de requalificação e ampliação do hospital. O futuro Governo, se liderado pelo PS, terá a capacidade de garantir o financiamento para a empreitada, à imagem do que conseguiu para inúmeros investimentos realizados no distrito de Aveiro nos últimos seis anos, indo ao encontro de reivindicações antigas das comunidades. Os aveirenses sabem que o PS tem conseguido corresponder aos desafios que se colocam ao distrito.
Nos cuidados primários, a prioridade do P é o reforço do SNS, e não o seu enfraquecimento. Também no distrito de Aveiro. Reforçaremos a prioridade que é dada a estes equipamentos, no sentido de garantir cada vez melhores cuidados de saúde de proximidade.

Há queixas do investimento não ser tão célere e marcar passo em algumas áreas.

Tenho responsabilidades diretas nessas áreas. O investimento público em Portugal, como em qualquer país europeu hoje em dia, tem um processo que é infelizmente demorado. Tenho-me queixado disso. Infelizmente e felizmente porque há regras a cumprir para assegurar a transparência e fiscalização nas decisões que tomamos, mas isso tem um custo no atraso.
São investimentos que estão há décadas à espera, para os quais os diferentes partidos em Aveiro fizeram zero, com exceção de nós. Na Linha do Vouga, estas obras, de 34 milhões de euros, são para repor condições boas de circulação. Não é o projeto que queremos fazer, maior,d e 100 milhões, para corrigir traçado, eletrificar toda a linha, reposicionar algumas estações. Ninguém tinha feito nada. Nós estamos a fazer e já temos o dinheiro.
No plano rodoviário a mesma coisa. Quatro projetos estiveram décadas à esperas: ligação de Castelo de Paiva a Santa Maria da Feira (A32) em fase de projeto, não havia; a ligação de Arouca à A32 que está em obra, a de Sever do Vouga à A25 tem procedimentos em curso e dinheiro; e, por último, Aveiro-Águeda, que vou ouvindo alguns políticos locais tentarem reivindicar a realização da estrada, mas a verdade é que só vai feita porque há um ministro das Infraestruturas do distrito que conseguiu incluir a estrada no PRR, finalmente vai-se fazer e por causa do PS. Temos muita gente a reivindicar obras, mas fomos nós que desbloqueámos.

Quanto à ligação ferroviária dedicada para mercadorias ‘Aveiro – Salamanca’ que é reivindicada pelo tecido empresarial da região ?

‘Aveiro – Salamanca’ em mercadorias não faz sentido. Estamos a modernizar a linha da Beira Alta, com uma concordância na Pampilhosa, Mealhada, vai ser modernizada para permitir comboios de 750 euros. Será o eixo ferroviário de transporte para mercadorias a Espanha.
Na Alta Velocidade, como prioridades Lisboa-Porto e Porto-Vigo. No Lisboa – Porto passará por Aveiro.
A ligação Aveiro-Salamanca continua no corredor transatlântico europeu e é um objetivo que temos, depende de financiamento. É para transporte de passageiros. Misturar mercadorias, aí estamos a cometer um erro ou a revelar desconhecimento. Transportar mercadorias não pode ter muitos declives, o que torna o investimento excessivamente caro. Além disso, se tiver comboio a 300 euros e outro a 100 vamos ter dificuldades na exploração do canal. Vamos usar menos a linha. Em terceiro, a Alta Velocidade é cara de manter, com mercadorias há maior impacto na infraestrutura. O que é correto é transporte de mercadorias pela Beira Alta.

O terminal rodo-ferroviário de Cacia, em Aveiro, custou 12,5 milhões de euros, hoje está abandonado, não tem atividade. O porto de Leixões vai gerir um porto seco na Guarda, não há aqui indefinições estratégicas, não seria melhor Aveiro ?

A iniciativa foi do Porto do Leixões, é o segundo maior do país. Tem uma movimentação de carga contentorizada muito relevante, entende que é importante articular com o porto seco da Guarda. Foi uma iniciativa que acarinhamos. Temos de trabalhar com o Porto de Aveiro uma forma de rentabilizar o terminal.

Os empresários da região reclamam maior importância do aeroporto de Sá Carneiro. A viabilização da TAP vai ajudar a rentabilizar melhor aquela infraestrutura ?

Estaria a mentir se dissesse que tive algum empresário a queixar-se da TAP, nem um. Nem pela fatura que vamos pagar. Sabem uma coisa, que alguns empresários do distrito trabalham para a TAP, a TAP compra 1300 milhões de euros anuais a mais de mil empresas e várias são daqui. O empresário sabe que uma empresa que exporta 3 milhões de euros por ano é demasiado importante para se deixar cair. Outra coisa são os projetos políticos ou partidários que usam um tema difícil, de uma empresa que recebeu uma injeção de elevada dimensão financeira, isso causa inquietação em muita gente, compreendo isso mas menos de partidos com responsabilidades governativas que põe em causa salvar a TAP. Não há nenhuma confederação patronal que tenha atacado a intervenção na TAP, com exceção da Associação Comercial do Porto. A TAP continuar a ser muito importante no Porto, a única a operar no Aeroporto Sá Carneiro que liga aos Estados Unidos e Brasil. Obviamente no negócio ponto a ponto, esse foi ganho pelas low cost. A Ibéria tem apenas 3% de Barcelona, nós temos 12% no Porto. É uma tendência normal para as companhias de modelo da TAP, vão buscar a outros continentes e distribuem dentro da Europa. A tendência é concentrarem-se num aeroporto. A TAP continua a ser uma das principais companhias a utilizar o Porto.

A Ria de Aveiro tem beneficiado de um projeto de desassoreamento. Reclama-se uma gestão de maior proximidade, local. A transferência da antiga lota do Porto de Aveiro ao abrigo da delegação de competências de áreas portuária tem marcado passo. Depois das eleições, um novo Governo do PS irá incrementar estes processo ?

Concretizá-los, porque os objetivos desse ponto de vista na Ria são consensuais, pelo menos sobre a gestão local. Mas queremos que seja uma gestão integrada, que possa incluir a pateira, por exemplo. Aí não há consenso, há quem ache a nível local que não deve haver uma gestão integrada. Isso é que seria um retrocesso. O PS votou um projeto de resolução do Bloco de Esquerda para criar um parque natural, é talvez a forma a mais inteligente de ter uma gestão mais local e ao mesmo tempo integrada. Precisamos de uma gestão única, com um responsável, mas integrada.
No plano ambiental, temos a erosão costeira como um desafio tremendo no distrito. Continuaremos a fazer essa luta. Uma parte considerável do distrito é das mais afetadas, Ovar e Vagueira, são investimento muito significativos. Temos mesmo de intervir nas zonas populacionais ameaçadas.
Não há partido melhor colocado para defender e conseguir colocar o distrito nas preocupações nacionais do que nós. O PS do distrito tem conseguido um peso e uma influência nacional que beneficia o distrito, que o PSD e o CDS não têm. Não é por acaso que podemos falar dos melhoramentos rodoviários, o investimento na Linha do Vouga, o desassoreamento de 24 milhões de euros na Ria, não é indiferente do grupo de deputados do distrito terem uma voz respeitada e com peso nacional.

Espera assinar como ministro a entrega da antiga lota a Aveiro ?

Aquilo que assinarei ou não, dependerá sempre da constituição do Governo. Não sei quais serão as minhas responsabilidade governativas e se as terei, dependerá sempre das escolhas do Primeiro-Ministro. Agora a minha disponibilidade para lutar pelo distrito continuará a ser firme, como nos últimos anos, e com benefícios claros. Temos políticos com peso nacional que é de aproveitar.

Tem número de deputados em vista para o distrito ? São sete atualmente, mais um que o PSD.

Não traçamos metas quanto a mandatos, nem as arriscaríamos. A meta traçada é reforçar a votação do PS em todo o País, obviamente também em Aveiro.

Mensagem final

“Há um trabalho que nós iniciámos, gostávamos de o concluir. O PS tem no distrito uma equipa com capacidade para influenciar a política nacional em benefício dos concelhos de Aveiro, apelamos a que nos deem força, porque o PS de Aveiro tem força no plano nacional para ajudar o distrito.”

Nas eleições legislativas de 2019, o PS obteve no distrito de Aveiro 120.839 votos (34,31%), conseguindo eleger sete deputados (partido mais votado).

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