Legislativas 22: “Ninguém me disse que não fazia campanha ou não quer estar neste desafio” – Martim Borges de Freitas (CDS)

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Lista de candidatos do CDS às legislativas de 2022 pelo distrito de Aveiro.

Martim Borges de Freitas, que surgiu à última da hora como cabeça-de-lista do CDS por Aveiro, confia que a implantação autárquica do partido no distrito pode ajudar não só a manter a representação parlamentar (em 2019 elegeu um deputado) na Assembleia da República, como a atrair mais eleitores na direita para reforçar a votação (c/ registo vídeo).

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NotíciasdeAveiro.pt: Qual o seu estado de espírito para estas eleições antecipadas ?

É para mim uma honra encabeçar a lista da ‘capital do CDS’. Tive ligações afetivas a Aveiro por ter colaborado com o falecido dr. Girão Pereira no Parlamento Europeu e conversámos muitas vezes sobre o País e sobre Aveiro. Era uma pessoa excecional, porque olhava para política de forma diferente, hoje fala-se muito em afetos mas há muitos anos atrás era assim que lidava com as pessoas.
Encaro o desafio desta forma: o distrito de Aveiro tem muitos problemas que são comuns à maior parte do país. Aveiro tem um potencial enorme, tem capacidade para resolver boa parte dos seus problemas, não apenas sozinho mas através das ligações à administração central. Acho que é um desafio muito interessante para mim. Não tenho pretensão de saber mais do que os cá vivem, apresento-me com a humildade para ouvir e aprender para aplicar no exercício do mandato.

A alteração do cabeça-de-lista no distrito foi uma entrada com o pé esquerdo ?

Não digo com uma entrada com o pé esquerdo. Foi uma boa solução para a questão colocada. O pendor autárquico vinha das eleições autárquicas de há pouco tempo. Tenho a honra de ter como mandatário o presidente da Câmara de Albergaria-A-Velha, António Loureiro, numa lista com autarcas e eu próprio sou autarca em Lisboa. Havia um impedimento legal para um presidente de Câmara exercer a sua função ao mesmo tempo que é candidato, surgiram situações que não foi possível ultrapassar. A escolha recaiu sobre mim porque dentro do partido sou conhecido, lidei sempre com muita gente de Aveiro e com os autarcas atuais também. Tudo faremos para que o CDS tenha um bom resultado nas próximas eleições.

A agitação interna no CDS nacional atrapalhou o início da campanha, encontra desânimo ? Há figuras do partido, mesmo na nossa região, que afastaram-se, como João Almeida, que era o deputado.

Reconheço que existiu isso. Agora desde que vim para Aveiro, ninguém me disse que não fazia campanha, que não vai participar ou não quer estar neste desafio. Pelo contrário, neste momento as pessoas tendem a unir-se e estar do mesmo lado. Houve um tempo de debate e agora é de combate num ato eleitoral que é nacional contra os outros partidos. Não tenho dúvidas que os militantes, as estruturas, vão participar, mais ou menos ativamente. Tenho tido os melhores sinais desde que cheguei. Agora só sairei na sexta-feira anterior às eleições, vamos dar tudo para o CDS ter um bom resultado Aveiro.

O objetivo do CDS é segurar com ‘unhas e dentes’ o deputado por Aveiro?

Defender o eleito e crescer. São eleições diferentes de outras, não está nada decidido, à direita e à esquerda. O apelo ao voto útil não existe. Em 2015 ficou claro que não é preciso ficar à frente de outro partido para o Primeiro-Ministro ser indicado pelo partido menos votado. No atual quadro também é assim, não há sondagens a dizer que há partidos com maioria absoluta. O dr. Rui Rio pode ser Primeiro-Ministro ficando em segundo lugar. O que importa nesta altura? É dar utilidade a esse voto. É traduzirmos as várias propostas dos partidos e em função dessas propostas veremos a utilidade que o voto pode ter para as pessoas. Como dizemos desde o tempo do professor Adriano Moreira, o voto normalmente só é útil para quem o recebe, não para quem o dá. O CDS concentrou os seus objetivos em 15 compromissos eleitorais. É um partido fundador da democracia, a declaração de princípios de 1974 tem em muitas das suas coisas uma atualidade extraordinária. Partimos para estas eleições com a vontade de defender as razões de sempre do CDS e dar utilidade verdadeira ao voto do CDS.

Existem alternativas à direita com dinâmica que não se via.

A partir do momento em que o PSD decidiu não fazer uma coligação com o CDS, não encaramos mal irmos sozinhos às eleições para marcar diferenças. Pode mobilizar mais eleitorado. Com o PSD, todos sabemos quais as diferenças. Mas o dr. Rui Rio preferiu dar uma guinada à esquerda e colocar o PSD ao centro, abriu uma estrada para o CDS percorrer, para dizer que é da direita certa, moderada, social, preocupada com as questões sociais. O apelo que se faz aos eleitores é que os que são da direita serena votem no CDS. Não prejudica o centro direita. O somatório do PSD com o CDS pode tornar a alternativa possível. A Iniciativa Liberal é completamente diferente do CDS em termos de costumes. Estamos mais próximos no plano económico, mas também com diferenças. O mercado não resolve tudo, é preciso regulação para ter igualdade de oportunidades e apoiar os mais frágeis. Em relação ao Chega, temos todas as diferenças do mundo. Somos moderados, sem visão catastrofista de sociedade, encaramos o futuro com esperança e sabemos que estamos dentro de um leque de partidos democráticos.

É claro pela parte do CDS que poderá haver entendimento com o PSD após o desfecho eleitoral.

O dr. Rui Rio abriu a possibilidade de mesmo ganhando ou ficando em segundo lugar o dr. António Costa continuar como Primeiro-Ministro. A única maneira de não voltar seria, como disse o nosso presidente, é um CDS forte, unindo-se ao PSD para não ter quem obstaculize uma maioria estável. O PSD e o CDS têm uma história comum que coloca mais fácil entendimentos. No caminho até lá, as pessoas têm de votar. Não tendo sido possível essa alternativa à esquerda antes do ato eleitoral, é muito importante mobilizar o eleitorado.

O Governo do PS estava mesmo a pedir a dissolução?

Acho que o PS fez uma opção em 2015 de permitir que a extrema esquerda tivesse acesso ao poder como nunca teve desde 1974-75, cometeu um erro. Até agora não houve uma única reforma estrutural. Depois adianta indicadores como se fossem de primeira grandeza num país democrático. O crescimento económico ? O país esteve na ‘banca rota’, veio o Governo do PSD-CDS e endireitou as contas. Pode-se criticar alguns aspetos da governação, mas o PS chega ao poder com o País recuperado e com credibilidade. Num contexto muitíssimo mais favorável e com uma ajuda muito grande do Banco Central Europeu. Olhando para a governação socialista, vemos que não competimos com os países do nosso ranking, não crescemos acima da média europeia. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem de ser revisto na forma de repartição entre o público e o privado, as empresas tem pouco dinheiro. Tem de ser muitíssimo bem escrutinado na aplicação dos fundos. Temos de colocar o País claramente a competir com todos aqueles que não conseguimos competir. Precisa de crescer claramente acima da média europeia.

Nestes dias de contactos mais próximos de Aveiro, que ecos lhes chegam? Preocupações, sugestões…

Tenho estado a ouvir pessoas, entidades, para avaliar os principais problemas do distrito. Um dos mais referidos tem a ver com a saúde pública, queixas da falta de atendimento permanente. As mais pequenas maleitas conduzem para os hospitais. As unidades de saúde fecharam por falta de médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde, já para não falar a falta de meios de diagnóstico que obrigam a ir fora do distrito muitas vezes para fazer exames. Isto tem de ser resolvido rapidamente, é um problema nacional mas tem uma incidência muito forte do distrito. O CDS propõe que seja criado o novo hospital distrital em articulação com a universidade.
Temos proposto outras medidas na área da saúde, como o vale farmácia, para idosos ou pessoas em pobreza adquirirem sem custo medicamentos e não terem de optar entre isso e alimentação ou a via verde de saúde, que já existe nas cirurgias, para quando o SNS não conseguir resolver em tempo útil dar a possibilidade de consultas nos privados sendo o custo assumido pelo Estado.
Visitei IPSS’s em Albergaria-A-Velha, uma das questões que se colocam é a contratação de colaboradores porque há mais utentes dependentes. Com o aumento do salário mínimo isso repercutiu-se no financiamento das IPSS que enfrentam constrangimentos financeiros para as respostas necessárias. É preciso avaliar estas situações. Ficámos a conhecer que a Câmara de Oliveira do Bairro que financiou no Inverno a eletricidade de instalações sociais. É preciso saber se baixando a TSU dos funcionários (segurança social) se consegue algum equilíbrio financeiro.
No campo económico, são conhecidas as propostas de fiscalidade do CDS. Desta vez, defendemos um drástico ‘choque fiscal’. Temos mais de 4 mil taxas… muitas já não correspondem aos serviços que devem ser prestados. É preciso aliviar a carga fiscal o mais possível. Baixa-se o IRS mas vemos ao lado os impostos indiretos que recaem nas pessoas e empresas.
No distrito, temos duas questões que devemos encarar bem. Uma delas é a educação. Defendemos o cheque ensino, dar a possibilidade aos pais de terem os filhos na escolha que entenderem. Quem não tem dinheiro, tem de se sujeitar a escola boa ou má. O ministro da Educação assumiu que o custo no público é superior, então por que não se retomam os contratos de associação com os privados ? Só se for por uma questão ideológica, pelo que se vê.

Mensagem final

“Desafio as pessoas a conhecerem as nossas propostas e ideias, fazem sentido e são coerentes entre si. Tornam a vida das pessoas, se forem postas em prática, mais feliz. Pessoas, famílias, empresas têm de ter um projeto para se realizarem. O CDS o que procura é encontrar instrumentos para realizarem a sua missão. Não nos ficamos pela parte económica, temos preocupações sociais que mais nenhum partido da nossa área tem. Quanto mais forte for o CDS maior a probabilidade do próximo Governo não ser socialista. Não é preciso que o PSD ganhe as eleições para Rui Rio ser Primeiro-Ministro. Acho que no distrito de Aveiro há todas as condições, até históricas, para o CDS ter um extraordinário resultado e é para isso que vou trabalhar. Vim para Aveiro e vou estar depois do ato eleitoral, é um compromisso. Se alcançarmos representação parlamentar a partir do distrito de Aveiro, as nossas propostas serão, pelo menos na forma tentada, postas em prática” .

Nas eleições legislativas de 2019, o CDS foi no distrito de Aveiro o quarto partido mais votado com 20.045 votos (5,69%), elegendo um deputado.

Os compromissos do CDS Aveiro – Legislativas 2022

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