“Não podemos dizer que algum de nós estava à espera de maioria absoluta”, assumiu Pedro Nuno Santos, cabeça-de-lista do PS pelo distrito de Aveiro ao comentar nos diretos televisivos da noite o desfecho do resultado das eleições legislativas desde domingo.
O até agora ministro das Infraestruturas e Habitação, que deverá continuar no Governo, é sempre apontado como um dos nomes para a sucessão de António Costa na liderança do PS, o que poderia ter sido precipitado com uma derrota eleitoral.
Um cenário que fica agora adiado com a estabilidade governativa assegurada no parlamento, tirando da agenda qualquer indefinição em torno do cargo de secretário-geral do PS. “Nós já estávamos a contar que nada mudasse desse ponto de vista, trabalhámos para uma grande vitória e quem acompanhou a campanha pelo país sabia que não havia um ambiente de abandono no PS, a questão não se coloca e não há nenhum pressa para ninguém”, referiu Pedro Nuno Santos.
As maiorias absolutas, em Portugal, não são de digestão fácil para os partidos no poder no final do mandato. O agora reeleito deputado por Aveiro não vê isso como um obstáculo a quem pretenda colocar-se na linha da sucessão, mas é um tema que insiste em não abordar em concreto. “Faço parte de uma organização que é o PS. Estamos a governar há seis anos, na nossa opinião, e pelos vistos da maioria da população, estávamos a fazer um bom trabalho, isso é que nos satisfaz. Depois temos mais do que formas de demonstrar aos portugueses que vale a pena confiar no PS no futuro. Agora temos quatro anos para nos focarmos no crescimento do país, para o povo português viver melhor”, disse, mostrando-se “disponível para colaborar com o PS onde o secretário-geral entender”.
Sobre a nova configuração da direita parlamentar, Pedro Nuno Santos vê-a como “o estado em que está a direita portuguesa, ao abrir espaço a que o Chega crescesse. Felizmente a maioria do país é esmagadoramente democrática. Há um problema à direita que felizmente não existe à esquerda”, concluiu.
Discurso direto
“O resultado nacional é uma surpresa. O PSD queria um país em que o mérito fosse premiado, não fosse um país de salário mínimo, um país da subsistência. E não foi isso que o eleitorado votou. Esta questão do salário mínimo condicionou e nesse aspeto é triste. Acho que no distrito o resultado acaba por ser muito influenciado pelo resultado nacional, apesar de termos um deputado. O PS também reforça um deputado. Não era isto que se esperava, defendíamos que era necessário uma mudança e confirmou-se o mesmo rumo. Para quem acreditava em ‘Novos horizontes’ é uma noite de tristeza” – António Topa Gomes, cabeça-de-lista do PSD por Aveiro.
“Foi uma noite feliz. Estivemos na expetativa até ao fim, mas conseguimos. Estamos felizes. Tivemos uma equipa fantástica a trabalhar comigo. Agora é começar a trabalhar noutro sentido, de levar a voz de Aveiro à Assembleia da República. O rumo está bem defenido, vamos defender as nossas bandeiras nacionais sem esquecer os problemas de Aveiro” – Jorge Valsassina Galveias, cabeça-de-lista do Chega por Aveiro.
“O PS provocou uma crise política com o objetivo de conseguir uma maioria absoluta. A estratégia resultou, mas é preciso não esquecer que esta crise aconteceu porque o PS se recusou alterar a lei laboral, reforçar o SNS e acabar com os cortes nas pensões. O Bloco usará sempre a sua força para esses e outros objetivos: combater a precariedade, criar um SNS com futuro e melhorar salários e pensões. O Bloco não desistirá de nada disso” – Moisés Ferreira, Cabeça de lista do BE por Aveiro .
“Face aos resultados finais, há que dar, em primeiro lugar, os parabéns ao Partido Socialista pela vitória obtida. Depois, parece-me importante constatar que o PSD escolheu egoisticamente a estratégia errada: se tivesse optado por não se posicionar ao centro e tivesse tentado agregar a direita moderada, a noite de hoje teria sido bastante diferente. Por último, o CDS teve uma derrota evidente ao não ter conseguido inverter a lógica descendente que o vinha marcando desde 2011, tendo, desta feita, perdido a representação parlamentar. No distrito de Aveiro, a análise que faço é essencialmente a mesma, uma vez que os resultados seguem, mutatis mutandis, a mesma tendência.
Estes resultados, a nível nacional e a nível distrital, obrigam, pois, a uma reflexão profunda sobre o estado da direita em Portugal. É preciso fazer o diagnóstico sobre o que correu mal, pelo menos, na última década, e perspectivar o futuro. De outro modo, a direita moderada continuará a marcar passo e não crescerá” – Martim Borges de Freitas, cabeça-de-lista do CDS.
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(em atualização)
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