A Associação cívica “Movimento juntos pelo Rossio” vem denunciar uma vez mais o total desrespeito pelos cidadãos Aveirenses por parte do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Ribau Esteves, patente no vídeo ontem divulgado relativo ao Projeto do Rossio.
Apesar da forte contestação gerada em torno deste projeto por parte da população aveirense, com várias manifestações em diversos momentos de participação pública, com grande parte da comunidade local a revelar-se contra o mesmo, o Senhor Presidente manifesta uma inacreditável determinação em avançar com um projeto que em tudo contraria as reais necessidades de intervenção neste espaço, bem como os princípios subjacentes que norteiam a atribuição de fundos europeus, tais como a necessidade imperiosa de promover a mobilidade suave e a descarbonização dos centros das cidades, para financiar um projeto feito contra a população e contra estes princípios, fazendo tábua rasa das advertências de estudos técnicos que apontam para riscos elevados de inundações agravadas pela ameaça de subida do nível das águas do mar e das características do Rossio como zona inundável.
Acresce ainda o facto de se tratar de um projeto que comporta elevados riscos geotécnicos para o edificado envolvente do bairro histórico da Beira-Mar, algum do qual classificado de interesse público.
No referido vídeo, o Arquiteto Nuno Mateus, da empresa ARX responsável pelo projeto, descreve o Rossio como uma praça “dura”. Esta designação demostra bem o carácter desvirtuado e “impermeabilizado” que se pretende atribuir agora a uma praça que visa substituir um Jardim de referência para a Cidade de Aveiro e que faz parte da sua memória coletiva.
A natureza deste projeto, tal como apresentado neste vídeo, evidencia uma total insensibilidade e desconhecimento perante este espaço tão querido dos Aveirenses e dos milhares de cidadãos que o visitam todos os anos.
O Jardim do Rossio não é uma praça, mas sim um Jardim, como o próprio nome indica. Só quem não conhece a história da cidade pode assumir desta forma desprendida o desprezo pelo papel desde sempre assumido por este espaço – desde a icónica Feira de Março, às diversas feiras de artesanato, do livro, de comemorações diversas em datas importantes da cidade – e acima de tudo na sua função de jardim procurado todos os dias por centenas de pessoas como espaço de lazer e passeio.
Ignorar a importância destas características de jardim com um conjunto arbóreo de relevo, incluindo alguns exemplares de árvores centenárias, como os plátanos e as palmeiras das canárias, para o apresentar como uma praça “dura” impermeabilizada e esvaziada da sua essência, constitui um insulto à inteligência dos aveirenses.
Outra particularidade do vídeo é conseguir a proeza de omitir um aspecto essencial do projeto.
Analisando as imagens com detalhe é notório que em momento algum aparece o acesso automóvel à superfície ao parque de estacionamento, omissão esta que procurará naturalmente evitar a perceção do impacto visual que estes acessos irão provocar neste espaço.
A apresentação do projeto no vídeo segue com a sua descrição mencionando que irá haver, na vertente norte, um espaço intimista de mata, fresco e de estadia. Estas palavras e imagens tentam encobrir o que na realidade se tornará numa praça despida, sem sombras, uma vez que a quase totalidade das árvores adultas desaparecerão, tornando não só as palavras, mas sobretudo as imagens, numa total manipulação em relação ao aspeto final que o espaço terá na realidade.
As árvores no vídeo apresentam o aspeto que poderiam, quando muito, vir a ter quando atingirem a maturidade, daqui a cerca de 25 a 30 anos mas que, como por milagre, apresentam já este aspeto de árvores adultas com as suas respetivas sombras projetadas. O objetivo desta propaganda é claramente a de negar as evidências e desvirtuar a realidade dos factos perante os Aveirenses.
Para demonstrar a evidência desta constatação, apresentamos duas fotografias tiradas na semana passada, do Campo das Cebolas em Lisboa que, conforme o próprio Arquiteto e Presidente da Câmara já fizeram saber, serviu de inspiração a este projeto concebido pela ARX, transformando igualmente um espaço icónico da cidade de Lisboa numa praça urbana e, também ela e de forma irreversível, “dura”.
O Movimento Juntos pelo Rossio não baixará os braços contra este aberrante projeto, denunciando de várias formas, a contínua manipulação e demagogia à qual o Senhor Presidente da Câmara nos foi habituando. Convidamos aos Aveirenses a fazer o mesmo.
Associação Juntos pelo Rossio