“Isto não é mais do que a duplicação da Linha do Norte. De Alta Velocidade não tem nada”

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Mapa da Alta Velocidade (IP).
Natalim3

Tiago Gassman, porta-voz do Movimento Cívico de Cidadãos de Canelas, analisa o parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente ao traçado da Linha de Alta Velocidade (LAV), que inclui um ramal até à Linha do Norte para garantir a ligação à estação de Aveiro (resumo da entrevista que está em versão completa, abaixo, dividida em duas gravações vídeo).

“Há uma série de anomalias, de questões menos bem estudadas e estruturadas, a que nos opomos determinantemente. Não estamos a discutir aqui apenas a questão do ramal de Canelas. Quando a Agência Portuguesa de Ambiente leva para uma sessão de esclarecimento apenas a Infraestruturas de Portugal, o dono da obra, já estava tudo definido. Até espanta-me a alteração de um pequeno traçado em Ovar…”

“Obviamente que nos apomos, com um conjunto de razões, à medida que o projeto vai sendo descoberto. A IP não quer que se conheça tudo de uma só vez, é por troços, evitando que as pessoas se possam opor de forma global.”

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Apresentações da IP nas sessões de esclarecimento

“Concordamos com a descarbonização, que Portugal tem desinvestido muito na ferrovia, carece destes investimentos, de uma Alta Velocidade, mas que seja virada para a Europa e não para a substituição da Linha do Norte, como se parece estar a fazer, com estações no Porto, em Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa ? Não se antevê Alta Velocidade nisto.”

“Estarreja opõe-se a este traçado. No primeiro troço que vai ser duplamente afetada, sob a forma longitudinal (Porto – Lisboa), mas também horizontal para o ramal de Aveiro, que não existia no projeto inicial, agora querem fazer uma amálgama entre a Linha do Norte e a LAV. Somos duplamente rasgados. Num troço onde já passa a A1,a A29, o gasoduto, a linha de alta tensão. O impacto aí não seria um impacto de sobremaneira. Sem ramais, nem apeadeiros. Podia ter uma estação, que até seria aqui bem próximo, serviria Aveiro e poderia ser um polo atrativo. Isto vai ser replicado em Coimbra e Leiria…”

“Este ramal está previsto em viaduto, 8 km, os custos económicos e ambientais, com impacto para as populações, enquanto a linha principal fica em ‘zona de ninguém’ com impacto quase nulo. Em relação ao troço do ramal de Canelas, a solução A não tem impacto direito no edificado, um moinho e uma escola primária, mas apanha a Zona de Proteção Especial, espanta-nos que tenha acordo da APA. É uma obra de complexidade muito grande.”

Entrevista completa com Tiago Gassman (primeira parte)

“Ao contrário de Coimbra e Leiria, aqui não vai haver quadriplicação da Linha do Norte. A LAV vai coincidir no traçado entre o apeadeiro de Canelas e a estação de Aveiro e Oiã. Vão sobrecarregar a linha pré-existente, julgo pelo receio do impacte ambiental. Vai ser um viaduto de 8 km que com a bitola europeia, a partir de 2030, ficará desativado. Fizemos medições, seriam 5 km, porque não uma ligação de Aveiro e a futura estação e esquecer o ramal que aumenta quilómetros e o tempo de viagem.”

“Isto não é mais do que a duplicação da Linha do Norte. De Alta Velocidade não tem nada. Os entendidos dizem que a Alta Velocidade deve ligar capitais com mais de mais milhão de habitantes e distâncias a mais de 300 km. Em Portugal faria sentido Lisboa – Porto, Lisboa – Faro. A Norte com ligação à Galiza. E a sul uma ligação a Madrid ou Sevilha.”

“Já estão a fazer sondagens no terreno, em alguns casos sem autorização, as autoridades deveriam estar atentas. Entram nos terrenos sem avisar. Em relação à luta, vamos definir ações, tentar falar com outros municípios, conciliar esforços, delinear os próximos passos. Este projeto como está delineado não interessa ao País.”

Entrevista completa com Tiago Gassman (segunda parte)

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