A indústria automóvel e de componentes tem sido, ao longo das últimas décadas, um setor fundamental na economia portuguesa, representando uma importante fatia das exportações e contribuindo para o crescimento económico do país. Portugal assume-se, cada vez mais, como participante importante neste setor, enfrentando desafios tecnológicos, ambientais e regulamentares num mercado global altamente competitivo.
Por Jorge Rosa *
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A evolução do setor tem sido notável, percorrendo “milhares de quilómetros” até alcançar o conceito de “Indústria 4.0”, que veio revolucionar o processo produtivo e toda a gestão das cadeias de abastecimento. Esta mudança revelou-se especialmente impactante para o momento atual das empresas do cluster devido às suas necessidades de eficiência e de produção síncrona entre construtores e fornecedores. Neste capítulo, a transformação digital tem sido um dos motores da mudança, promovendo a digitalização da indústria e o acompanhamento das tendências tecnológicas, aliadas da transição energética.
Neste caminho de transição, a eletrificação dos veículos tem sido conduzida como prioridade, a nível mundial, para a redução das emissões de CO2. Como tal, muito têm contribuído os avanços tecnológicos, tornando os veículos elétricos mais acessíveis e atraentes para os consumidores. As baterias, cada vez mais avançadas, têm permitido um aumento da autonomia dos automóveis elétricos, incentivando a sua utilização. Adicionalmente, o software de gestão de frotas e as tecnologias de segurança têm vindo a melhorar a experiência de condução e a condição dos veículos nos principais mercados.
Neste contexto, a Europa, a Ásia e a América do Norte continuam a ser as principais potências de uma indústria global e intensa, com construtores e fornecedores de referência. Na corrida pela liderança mundial – na produção e venda de veículos – pesam regulamentações relacionadas com emissões poluentes e eficiência energética. Este facto tem impacto direto na estratégia das empresas, motivadas a desenvolver tecnologias mais sustentáveis e eficientes para cumprir as normas estabelecidas. O papel das políticas governamentais é, portanto, crucial nesta corrida, uma vez que podem influenciar o desenvolvimento da indústria através de incentivos fiscais para veículos elétricos, investimentos em infraestruturas de carregamento e regulamentações das especialidades.
Recorde-se, ainda, que a globalização da cadeia de fornecimento permanece uma realidade e um desafio constante da indústria. A dependência de componentes de diferentes países e os desafios logísticos associados a esta complexa cadeia requerem uma gestão cuidadosa e estratégica por parte das empresas, especialmente neste contexto atual de transição para a mobilidade elétrica, onde a cadeia de valor é mais exigente.
É, deste modo, que a indústria automóvel enfrenta desafios e oportunidades para o futuro. As empresas devem adaptar-se às mudanças tecnológicas, regulatórias e geopolíticas, diversificando as suas ofertas e redesenhando as suas estratégias de mercado. No caso de Portugal, os investimentos em I&D são essenciais para acompanhar as tendências digitais, energéticas e enfrentar os desafios do mercado global. Além do investimento interno, as startups de tecnologia podem ter um papel importante no impulsionamento da inovação e de soluções de mobilidade, respondendo às prioridades dos consumidores modernos – mais interessados em sustentabilidade, transporte inteligente e novos modelos de negócio.
Em suma, é fundamental que o cluster automóvel de Portugal continue a empreender esforços no sentido de auxiliar as empresas do setor a enfrentarem os desafios e a capitalizarem as oportunidades disponíveis. A sua atuação na promoção da inovação, no estímulo à cooperação e na expansão internacional tem sido crucial para impulsionar o setor automóvel e de componentes nacional face aos mercados externos. Estamos convictos de que este setor detém um vasto potencial para se desenvolver e prosperar no futuro.
* Presidente da MOBINOV – Cluster Automóvel de Portugal. Artigo publicado originalmente na Revista BOW 29 – A Indústria Automóvel e de Componentes – Desafios nos Mercados Internacionais.
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