A hotelaria está a favor da instalação de um parque de estacionamento subterrâneo no Rossio, informou o presidente da Associação Comercial de Aveiro (ACA), esclarecendo que o ramo do comércio ainda “não tem posição fechada” sobre o plano para construir aquele equipamento.
Jorge Silva, que falava ontem à noite num debate sobre a requalificação daquela zona central da cidade organizado por movimentos cívicos locais, adiantou que os comerciantes estão a ser ouvidos pelos seus representantes associativos.
“Existem aqui alguns medos”, assumiu Jorge Silva, atribuindo as reservas à memória do que se passou durante construção do parque Marquês do Pombal, que teve grandes impactos na atividade.
O presidente da ACA disse que seriam necessárias medidas para acautelar problemas idênticos, de sinalização e vedação adequada, mas também a outro nível, que passaria por “libertar” os comerciantes das taxas que pagam.
Roberto Jardim, da CORDA, associação que representa estabelecimentos comerciais, sobretudo, da rua Direita, uma zona que ficou fortemente abalada pela construção do parque do Marqués do Pombal, alertou para “o efeito contágio” da intervenção no Rossio, “afastando a cidade dos destinos dos turistas”.
Para Francisco Teixeira, da associação Ciclaveiro, a Câmara está a tomar decisões “inadequadas” no campo da mobilidade e estacionamento, garantindo que os lugares existentes se forem reservados aos moradores são suficientes para as necessidades, devendo-se encaminhar os turistas para parques com ocupações “ridículas”.
“Já existem estacionamentos para a procura”, reforçou David Iguaz, do movimento Juntos pelo Rossio. Segundo este morador, em caso de necessidade, a Câmara deve optar por dotar o parque de São João de melhores condições.
O representante da Plataforma Cidade, um grupo de arquitetos e urbanistas, fez vincar a sua posição crítica em relação ao plano municipal: “não percebemos a estratégia”. Como exemplo, referiu que o programa base aponta para a necessidade de fixar residentes e o projeta um Rossio para eventos”. Um centro transformado em “parque temático” quando se deveria “contrariar a terceriarização”. A requalificação como prevista é vista como “inoportuna” e o projeto “desadequado”.
Câmara acusada de “esconder” os planos
Vários cidadãos colocaram questões e deixaram comentários. Mas também apelos ao presidente da Câmara, como fez António Garcia: “Por favor, evite este retrocesso civilizacional”. Susana Caldeira pediu “bom senso” para ir ao encontro do que as pessoas precisam”.
Paulo Anes, arquiteto e vice-presidente do PSD local, falou a título pessoal para lamentar a ausência de informação concreta, com “os devidos desenhos”, acusando a Câmara de “quase esconder” o plano. “Não pode ser contra a população”, apelou, considerando que “o grande erro” surge no caderno de encargos do concurso de ideias, questionando se a Câmara estaria disposta a retomar a discussão ao ponto inicial. Para Paulo Anes, o estacionamento não tem condiconantes técnicas hoje em dia e só não avançara “se ficar caro”.
Joaquim Varela, ligado a atividades turísticas, lamentou que Aveiro vá no sentido contrário a outras cidades que condicionam o trânsito. Preocupado com “o impacto” no sector, pediu “muitas cautelas” , criticando a Câmara por “deixar fervilhar isto até à última”.
Rossio: Cedências na ‘ideia base’ não tocam no estacionamento