Um octogenário que tentou alvejar o cunhado, com quem estava desavindo por motivos de partilhas de heranças, em Tamengos, concelho de Anadia, remeteu-se ao silêncio no início do julgamento, esta quarta-feira.
“Prefiro não falar”, limitou-se a dizer o arguido, ex emigrante nos Estados Unidos, que está a ser julgado no Tribunal de Aveiro por homicídio qualificado na forma tentada e posse de arma proibida.
O episódio em causa ocorreu na manhã de 12 de novembro de 2018 durante um desentendimento entre os dois homens, vizinhos.
O ofendido limpou folhas de uma nogueira que caíram para o seu logradouro e atirou-as para o terreno do cunhado, onde está plantada a árvore.
O arguido mostrou desagrado por ver o seu quintal usado como “caixote do lixo” e foi buscar uma espingarda de caça. Depois subiu uma escada posta no muro a dividir as propriedades e disparou a cerca de sete metros em direção ao familiar, que estava a caminhar de costas. Este ao dar conta, fugiu e protegeu-se dos chumbos que acertaram apenas no pavimento.
Segundo a acusação, o autor do disparo só não atingiu a vítima por motivos alheios à sua vontade, notando a “desproporção e futilidade do ato”.
O tribunal, a requerimento do Ministério Público, ouviu a gravação das declarações prestadas pelo acusado em sede de inquérito, em que explicou o sucedido, garantindo que “não queria matar ninguém, mas apenas meter medo e não volta a acontecer”.
Entretanto, antes do início do julgamento partes acordaram a desistência da parte do processo que diz respeito ao pedido de indemnização civil, uma vez que que o arguido fez um pedido de desculpa e declarou que já pagou uma compensação financeira em valor não revelado.
(atualização)