Homem que atingiu ex-esposa com forquilha nega intenção de matar

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Tribunal de Aveiro.
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Um homem atualmente preso preventivamente que, alegadamente, agrediu a ex-companheira com uma forquilha, no concelho de Vagos, em setembro de 2023, começou a ser julgado, esta segunda-feira, no Tribunal de Aveiro. “Não era para matar”, declarou nas declarações prestadas quando foi confrontado com o episódio mais violento, ocorrido na freguesia de Sosa, a 27 de setembro de 2023.

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O indivíduo de 50 anos, serralheiro, divorciado, está acusado pela prática, em concurso efetivo, de quatro crimes de violência doméstica (cometidos nas pessoas de quatro filhos menores), assim como um crime de violência doméstica e um crime de homicídio qualificado, na forma tentada (cometido sobre a pessoa da sua ex-companheira) que culminaram maus tratos infligidos em contexto familiar, os quais motivaram separações durante alguns períodos até ao divórcio.

Segundo a acusação do Ministério Público, o arguido, numa altura em que já estava proibido de contactar a mulher – medida de coação imposta no âmbito de um processo de violência doméstica -, muniu-se de uma forquilha, foi no seu encalço e, ao mesmo tempo que vociferava insultos e ameaças de morte, desferiu-lhe sucessivos golpes no corpo, inclusive na cabeça, até quando estava já caída.

“Eu não fui ter com ela, há coisas que inventaram. Estava à espera que ela chegasse a casa, eram seis e não cinco da manhã como dizem. Mandei-lhe com o cabo num ombro, não com os dentes da forquilha. Ela caiu no chão e rebolou, não lhe dei mais. Fui-me embora”, referiu o homem em resposta a questões colocadas pela juíza presidente, rejeitando, assim, que tenha provocado as várias perfurações que a vítima sofreu no corpo.

O momento de ira terá ocorrido na sequência da informação, por parte do seu advogado, do surgimento de novas queixas de violência doméstica movidas pela ex-esposa. “Tinha a forquilha, mas não era para fazer nada. Não era para a matar. Ela tinha-me levantado um processo, achei que estava a virar as crianças contra mim, tive medo de perder os meus meninos”, relatou.

“Fiz o que não devia ter feito. Era para falar com ela, levei a forquilha, estava desesperado, nem sei como fiz aquilo”, acrescentou, assumindo parcialmente as acusações imputadas, bem como se encontrar “muito arrependido” atualmente.

“Não era para matar, era para assustar”

O arguido é acusado ainda, em várias ocasiões, de proferir ameaças de morte dirigidas à ex-esposa, a uma “certa pessoa” (um homem) e mesmo aos filhos menores. “Vou meter-vos a todos debaixo de terra”, terá dito na presença dos familiares. Em tribunal garantiu que “não era para matar, era para assustar”. “Não ia matar os meus meninos, meteram-me os meus meninos todos contra mim. Sempre fui muito amigo dos meus meninos. Fui sempre trabalhador e paguei as pensões de alimentos” disse.

Um filho, já maior de idade, foi chamado a tribunal como testemunha da acusação, mas acabou por usar o direito de não prestar declarações. Já um irmão do arguido confirmou que os últimos desentendimentos, antes da detenção coincidiram com o conhecimento de novas queixas por violência doméstica, que poderiam levar a perder a possibilidade de ver os filhos e a perder a casa da família. “Nessa altura ele andava em estado depressivo profundo”, afirmou.

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