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Um homem acusado de matar a companheira, de 43 anos, a quem terá dado vinho branco com ácido sulfúrico, negou a autoria do crime ao falar no início do julgamento, esta manhã, no Tribunal de Aveiro, atribuindo a morte a suicídio.
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“O que diz o Ministério Público não corresponde à verdade”, começou por referir o arguido que está acusado, além da prática de um homicídio qualificado, ainda de um crime de omissão de auxílio.
O empresário de 55 anos, ligado ao sector dos transportes, que está a ser realizado por Tribunal de Júri, negou antecedentes de violência doméstica na vida em comum. “Era uma relação magnífica”, garantiu, ressalvado que a situação mudou quando se apercebeu que “a minha Carla” passou a ser “uma pessoa que estava dentro do álcool”.
Segundo o Ministério Público, as discussões na residência, em Águeda, chegaram a motivar a chamada da GNR.
“Eu amava-a, tentei travar o vinho. Ela ficava descontrolada”, contou o arguido, assegurando que ajudou sempre a mulher, inclusivamente encaminhando-a para tratamento médico, que terá surtido efeito. “Passei a dar-lhe vinho com gasosa após o internamento”, relatou.
A juíza presidente confrontou o acusado com alegadas discordâncias da companheira quando decidiu criar uma nova empresa em nome da mulher, e com morada num imóvel da família dela no Caramulo.
“O meu nome estava sujo” disse, adiantando que não podia assumir a sociedade destinada a um projeto de fundos europeus, por incumprimento de empréstimos. “Não houve nenhuma discussão sobre o imóvel”, assegurou, negando também que a falecida tivesse ameaçado fazer denúncias às finanças de supostas irregularidades nas empresas.
O homem assumiu que “muitas vezes” preparava o vinho que a companheira ingeria: “dividia em metade e metia gasosa”. Mas negou que tivesse misturado ácido sulfúrico na derradeira bebida deixada à disposição da mulher e desabafado para um funcionário, dando a entender que a intenção era matar: “isso é tudo mentira”, declarou perentoriamente, apresentando outra versão.
Para o arguido, tratou-se de suicídio e desconfiou logo da “água das baterias”, que encontrou antes fora do sítio habitual na oficina. Garantiu que a própria terá admitido, quando a reencontrou prostrada no quarto da casa, após ter saído para buscar medicação para “dores de barriga” atribuídas a “água fresca”. “Perguntei bebeste ? Ela confessou a chorar”, relatou, dando conta que a mulher naquele momento “não estava alcoolizada a cair, embora pudesse ter bebido a garrafinha dela”.
Acusação do Ministério Público
» A 27 de maio de 2022, na residência, após uma discussão relacionada com a mudança da sede da empresa para um imóvel que a ofendida tinha herdado, o que não era do seu agrado, o arguido pegou em ácido sulfúrico que tinha adquirido para “reanimar” baterias dos camiões e despejou uma parte numa garrafa que já se encontrava aberta e com algum vinho branco já consumido. Terá colocado a garrafa no frigorífico e saiu de casa, tendo dito antes a um funcionário: “ela já não bebe desde ontem, quando beber esta, até estala”;
» Ao final da tarde, segundo o MP, a mulher dirigiu-se ao frigorífico e retirou a referida garrafa, ingerindo a mistura que se encontrava no seu interior, o que lhe provocou graves queimaduras na língua, faringe, esófago, traqueia, diafragma estômago e intestinos;
» Ao regressar a casa, o arguido encontrou a mulher “mal disposta” e a vomitar sangue, mas só ao fim de cerca de três horas é que decidiu chamar o 112. A mulher foi transportada para o Hospital de Águeda onde acabou por falecer.
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