“Isto foi tudo uma encenação muito hábil para ver se me extorquia dinheiro”. Um septuagenário, antigo industrial e comerciante, negou, esta quarta-feira, no Tribunal de Aveiro, que tivesse atentado contra a vida do cunhado, com quem tinha divergências relacionadas com as partilhas dos sogros.
O arguido, atualmente radicado no estrangeiro, começou a ser julgado por tentativa de homicídio, coação, ofensas à integridade física e posse de arma proibida.
Os factos agora em julgamento remontam a abril de 2014 quando o homem, atualmente com 74 anos, ao passar de carro com a esposa, encontrou o familiar na companhia de um outro indivíduo na propriedade dos falecidos sogros, em Águeda, a fazer trabalhos de limpeza após a mudança das fechaduras da casa.
Segundo a acusação, o septuagenário saiu da viatura e foi ao encontro do cunhado com a pistola retirada de uma bolsa, apertando o gatilho sem deflagrar qualquer munição. Na segunda tentativa, mais próximo, apontou ao peito e sucedeu o mesmo. A arma só terá desencravado num disparo sem alvo feito de regresso ao carro.
O arguido insistiria na tentativa de agressão, arremessando um tubo de ferro que atingiu o ofendido numa perna e fez ameaças de morte. Depois entrou na sua viatura. Ao abandonar o local, ainda terá tentado atropelar o outro indivíduo quando este pedia pelo telemóvel a presença da polícia.
Confrontado com a acusação no início do julgamento, o homem negou os factos imputados, nomeadamente as tentativas de disparo e mesmo que estivesse na posse da pistola (foi encontrado um invólucro no local do incidente), que seria apreendida pela Polícia Judiciária numa casa do arguido na praia da Vagueira.
Quanto à agressão com o ferro, alegou que o “devolveu sem atingir” após um suposto arremesso por parte do cunhado, que acusou de estar “a roubar” a casa, retirando do interior diversos artigos.
A finalizar, negou a tentativa de atropelamento.
O cunhado não compareceu no início do julgamento devido a coincidir com uma consulta médica, devendo ser ouvido em nova data.