Homem julgado por violentar companheira que seria obrigada a prostituir-se

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Tribunal de Aveiro.

Um pedreiro residente em Aveiro negou as acusações de violência doméstica, sequestro e lenocínio (exploração de prostituição) pelas quais começou a ser julgado esta quarta-feira no Tribunal de Aveiro.

Segundo a acusação do Ministério Público, o arguido terá sujeitado a companheira, com quem viveu ao longo de mais de 20 anos, a recorrentes agressões físicas (murros, pontapés, puxões de cabelo) e verbais, incluído ameaças de morte com uma pistola, que aconteciam em casa e na presença de filhos.

A vítima seria também obrigada pelo homem a prostituir-se em Aveiro e outras localidades, entregando-lhe praticamente todo o dinheiro que ganhava, sendo agredida sempre que recusava ‘vender o corpo’.

Os episódios violentos mais recentes ocorreram há um ano, após a mulher aceitar retomar a vida em comum com a promessa do homem não a submeter a maus tratos, o que não cumpriu voltando a ter os comportamentos anteriores.

No derradeiro caso, a ofendida terá sido mantida em casa, à porta fechada, contra a sua vontade. Quando o arguido chegou, tentou fugir, tendo sido arrastada para casa aos murros. Acabaria por abandonar o lar no dia seguinte e apresentar queixa na PSP.

No início do julgamento, o arguido, que disse não saber ao certo a idade, apontando para cerca de 40 anos, negou as acusações todas. “Há dois anos que não ando com ela, tenho outro relacionamento e filho. Nunca a meti ‘na vida’, não lhe exigi dinheiro, era eu que pagava as contas, sempre trabalhei. Tudo o que se diz aí é falso. Puxei de uma pistola ? Nunca tive pistola”, afirmou perante o tribunal.

Assumiu apenas que eram um casal “com muitas zangas”, porque ele não gostava que a mulher se dedicasse à prostituição e deixasse os filhos sozinhos.

A ofendida apresentou a versão que está na acusação. “Dizia que matava-me se não trabalhasse para ele. Levou-me para estradas e pensões”, relatou.

Confirmou, também, as agressões “à frente dos meninos” e outros comportamentos violentos. “Foram 15 anos de porrada todos os dias, um inferno. Eu fugia e ele pedia mais uma chance, que eu foi dando”, acrescentou a mulher de 54 anos.

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